Esporte ou tecnologia

Até a década de 1970, período em que nasceu a grande maioria dos pais e avós das gerações atuais, o entretenimento era restrito às atividades em grupo, como natação em rios e represas, jogos de futebol em campos improvisados, bailinhos caseiros e a frequência noturna nas praças das cidades.

A necessidade de formar coletivos para compartilhar a vida social despertava o sentido de integração com os demais, exigindo capacidade de aceitação das diferenças e de respeito ao outro para conquistar amigos e dividir alegrias e tristezas, sucessos e fracassos, expectativas e desilusões.

A popularização da televisão, como entretenimento individualizado, e que esvaziou os cinemas, que levavam grupos às suas salas, causou o primeiro impacto da tecnologia na sociedade, pois a mudança afetou também o teatro, o circo e as praças públicas, que se transformaram em desertos propícios ao vandalismo e à criminalidade.

O advento da internet e sua rápida disseminação, que fez a rede virtual atender mais residências do que as fundamentais redes de água e esgoto, decretou o fim das relações pessoais ao criar gerações de pessoas isoladas em quartos para a interação defeituosa com o mundo externo.

“…gerações de pessoas isoladas em quartos para a interação defeituosa com o mundo…”

Junto com a diminuição da capacidade das pessoas de conviver em grupos sociais para realizar atividades de entretenimento e lazer, também os esportes individuais e coletivos foram afetados, fazendo aumentar o chamado sedentarismo causado pelo vício nas telas e em jogos eletrônicos.

Diante das facilidades oferecidas pela tecnologia, foram reduzidos os praticantes de futebol, vôlei, basquete e vários outros esportes que passaram a necessitar de espaços mais bem elaborados e de apelo midiático para atrair praticantes mais interessados na exposição do que na saúde física e mental.

Entretanto, o aumento da obesidade e de doenças degenerativas, como o diabetes, e a necessidade de melhorar o aspecto físico e a saúde do corpo e da mente, fez surgir os fisiculturistas, os grupos de ciclistas, os jogadores de futebol e de vôlei de areia, assim como os praticantes de esportes individuais, como o patins e o skate, que começam a reverter uma situação incômoda.

A notícia recente, de que em Palmital são mais de 650 pessoas que participam das atividades esportivas e físicas oferecidas pela Prefeitura, é sinal de que a conscientização e a necessidade podem fazer o esporte superar a tecnologia.

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Cláudio Pissolito

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