A mulher do comerciante que morreu após cair de uma escada enquanto limpava a luminária de sua pizzaria, na zona norte de Marília (SP), relatou na quarta-feira (03/06), um dia depois do acidente do marido, a euforia que tomava conta da família na véspera da reabertura do empreendimento.
Sueli Malaquias dos Santos Alves, de 38 anos, conta que o marido, Joel Carlos Marcelino Alves, de 42 anos, estava fazendo os acertos finais para reabrir sua pizzaria após quase dois meses de portas fechadas por conta da quarentena imposta pela pandemia de coronavírus.
Ao subir em uma escada para limpar uma luminária, Joel Carlos caiu de uma altura de cerca de seis metros. Ele foi socorrido pelo Samu e levado ao Hospital das Clínicas com politraumatismo. Ele não resistiu aos ferimentos e foi enterrado nesta quarta-feira, no Cemitério da Saudade de Marília.
Segundo a esposa, no momento do acidente, que aconteceu um dia antes da data programada para a reabertura da casa, o comerciante limpava uma luminária que acumulou algumas teias de aranha durante o período em que o local ficou fechado.
“Essa pizzaria era o sonho da vida dele e da nossa família. Meu marido trabalhou muito duro para ter isso, foi garçom por anos, teve um trailler de lanches, tudo para chegar até aqui. Era zeloso com os detalhes do negócio que ele amava, tanto que subiu na escada para tirar teias de aranha da luminária”, disse a funcionária pública que à noite ajudava o marido na pizzaria.
Apesar da ansiedade para reabrir a pizzaria que inaugurou há cerca de dois anos com um salão para cerca de 100 clientes, a família vinha conseguindo manter o negócio ativo durante a quarentena após adaptar sua forma de trabalho para o sistema de delivery (entregas).
“O delivery estava virando e a gente vinha vendendo bem. Ele fazia as pizzas, nossa filha ajudava atendendo algumas ligações, e eu fazia as entregas. Mas mesmo assim, ele [Joel] não via a hora de reabrir as portas e já se programava para abrir também para almoço. Se precisasse, ele trabalharia 24 horas por dia por seu sonho”, conta a mulher.
Ainda abalada pela tragédia, a funcionária pública afirmou que não sabe se vai tentar manter o negócio, agora sem o marido.
“Já recebi muito apoio de amigos que falam para eu continuar com o sonho dele, mas ainda não sei o que fazer. Acho que não conseguirei mais entrar naquele local sem lembrar da sua alegria no trabalho. Vai ser difícil”, disse.
O comerciante só pôde se programar para reabrir seu negócio porque Marília, mesmo classificada na fase 2 do Plano São Paulo do governo do estado para flexibilização da quarentena, com várias restrições, resolveu avançar duas fases por conta própria, o que permitiu a abertura antecipada, entre outros setores, de bares e restaurantes.
Fonte: G1