‘Eu me desesperei e achei que tinha caído meu rosto’, diz mulher atacada com ácido

Uma das vítimas atacadas por um homem que vem jogando um líquido semelhante a ácido em pessoas pelas ruas de Porto Alegre teve queimaduras de segundo grau no rosto e em partes do braço. Bruna Machado Maia, de 27 anos, caminhava perto de casa, na Rua Santa Flora, no bairro Nonoai, na noite de quarta-feira (19/06), quando ele se aproximou numa bicicleta. “Quando eu olhei meu casaco eu me desesperei, já achei que tinha caído meu rosto, já tinha me queimado, feito buraco”, lembra.

 

“Esperou eu passar para se aproximar. Ele estava de bicicleta preta. Ele era bem branco, magro, sem barba, sem bigode, sem nada. Não vi cabelo por causa do capuz. Ele estava com um moletom todo branco, calça escura e sapato escuro”. “Ele falou ‘olha a água’. No reflexo, eu botei a mão e consegui proteger só meu olho, mas no rosto em si, pegou”.

 

Os casos estão sendo investigados pela 13ª Delegacia de Polícia Civil de Porto Alegre. Cinco ocorrências por lesão corporal foram registradas por quatro mulheres e um homem até o fim da tarde de sexta-feira (21/06). O delegado Luciano Coelho acredita que a substância é um ácido. Além do Nonoai, os ataques também aconteceram no Aberta dos Morros, dois bairros da Zona Sul da cidade.

 

De acordo com informações da Polícia Civil, duas pessoas já foram ouvidas e outras três devem prestar depoimento na segunda-feira (24/06). O delegado busca imagens de câmeras de segurança para identificar o suspeito. Uma das vítimas relatou que o homem estava em um carro e que havia uma segunda pessoa no veículo. A polícia ainda não confirmou essa informação. “Não temos identificação do veículo nem do indivíduo, mas com certeza é a mesma pessoa [que joga o líquido]”, relata o delegado.

 

“Achei que ele estava me molhando de sacanagem, coisa de moleque. Mas eu vi que, dois segundos depois, aquilo começou a queimar e eu saí gritando e correndo, pedindo socorro”, acrescenta Bruna. Com a ajuda de uma vizinha, que buscou na internet orientações sobre como proceder em situações de queimadura, a dona de casa iniciou os primeiros cuidados.

 

A mulher foi atendida no por uma médica no Pronto Atendimento Cruzeiro do Sul, depois de tentar por uma hora e meia que um carro de aplicativo a levasse até o posto. “Não queria ir porque era zona de risco. Quando eu cheguei lá, passei na frente de todo mundo, eles estavam com medo, não sabiam se eu tinha ficado cega, mas a médica disse: ‘não se preocupa, vai secar, vai cair e vir uma pele nova’, e meu deu uma pomada. Quanto mais eu falo, mais me dói o rosto porque força o músculo”.

 

Na delegacia, ao fazer a ocorrência, ela descobriu que o homem havia feito outras vítimas. “Eu não queria falar com ninguém, não queria ver ninguém, não queria que ninguém visse meu rosto, estava com medo que me olhassem com outros olhos. Mulher, né, isso afeta nossa vaidade, nossa beleza, a nossa vontade de se sentir bonita. Meu marido conversou comigo, me deu palavras de conforto”, conta.

 

 

Cronologia dos ataques

Quarta-feira (19): o suspeito estava em uma bicicleta

 

23h10, na Rua Santa Flora, no bairro Nonoai

Sexta-feira (21): segundo as vítimas, suspeito estava em um HB20 branco

 

6h30, na Rua Francisca Prezzi Bolognesi, no bairro Aberta dos Morros

6h40, na Rua Francisca Prezzi Bolognesi, no bairro Aberta dos Morros

7h20, na Rua Santa Flora, no bairro Nonoai

7h30, na Rua Santa Flora, no bairro Nonoai

As roupas das vítimas foram encaminhadas para exames. De acordo com o delegado, o Instituto Geral de Perícias vai analisar o líquido usado pelo suspeito contra as vítimas.

Fonte: G1

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