Falso médico que atuava em UPA do Rio é desmascarado após erros de português em receita

Funcionários de UPA também desconfiaram por homem não saber usar sistema eletrônico de receitas médicas. Entidade que contratou falso médico informou que ele foi retirado do cadastro e não receberá pagamento; caso deverá ser levado à polícia.


Um falso médico que atuava em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Engenho Novo, Zona Norte do Rio, foi desmascarado após escrever receita médica com erro de português e não saber usar o sistema eletrônico de prescrição de medicamentos 

O caso veio à tona uma semana após ser preso outro homem, Itamberg Saldanha, que dava plantão na UPA de Realengo, na Zona Oeste do Rio, usando o carimbo de um médico.

Aleksandro Gueivara, falso médico contratado para atuar em UPA no Rio  — Foto: Reprodução/ TV Globo
Aleksandro Gueivara, falso médico contratado para atuar em UPA no Rio — Foto: Reprodução/ TV Globo

Desta vez, no caso do Engenho Novo, Aleksandro Gueivara foi contratado como plantonista pela Organização Social Viva Rio. Chamou a atenção de colegas erros cometidos por ele como na grafia da palavra potássio, que o falso médico escreveu “potacio”.

Também foi visto com estranhamento o fato de ele usar apenas o sistema manual de receitas médicas, e não o eletrônico, inclusive para pacientes já internados ou que precisavam de medicamento intravenoso.

Grafia errada da palavra "potássio" em receita escrita por falso médico — Foto: Reprodução/TV Globo
Grafia errada da palavra “potássio” em receita escrita por falso médico — Foto: Reprodução/TV Globo

O caso começou a ser investigado pela direção da UPA no último domingo (23), após pacientes não conseguirem pegar remédios na farmácia porque funcionários não identificaram o número de registro no Conselho Regional de Medicina (CRM) do falso médico.

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Segundo a Organização Viva Rio, que contratou o falso profissional, após identificada a fraude, Aleksandro Gueivara foi excluído dos cadastros e não recebeu o pagamento. A entidade informou que vai registrar o caso na delegacia.

A reportagem não conseguiu contato com Aleksandro Gueivara.

Erro grosseiro de português na receita denuncia mais um falso médico no Rio
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Médicas com mesmo registro em MG e SP

De acordo com o Conselho Federal de Medicina, há duas médicas com o mesmo número do CRM usado por Aleksandro, uma em São Paulo e outra em Minas Gerais.

Aleksandro também não tem registro para trabalhar no Rio de Janeiro pois não possui inscrição no Conselho Regional de Medicina do Estado (Cremerj).

“Verificando no nosso site, o número [do falso médico] não consta nos registros dessa autarquia, portanto a pessoa não está autorizada a exercer a medicina”, diz o presidente do Cremerj, Walter Palis.

Funcionários afirmam que o caso aconteceu porque a Viva Rio está recrutando médicos às pressas. O pagamento do plantão, segundo eles, é de R$ 1,6 mil.

“Em momento nenhum se questionou o CRM desse médico. Ele apresentou documentos, conta bancária, mas não apresentou a carteirinha do CRM. Falou que não estava com ele naquele momento. E mesmo assim foi admitido para fazer aquele plantão. Então, não há investigação nenhuma, basta dizer que é médico que consegue dar um plantão nas unidades da Viva Rio”, afirmou uma pessoa que não quis ser identificada.

Uma paciente que chegou a ser atendida pelo falso médico e recebeu prescrição errada fez um desabafo.

“Se fosse pra eu operar, o que seria? Um médico falso me operando. E se eu tivesse algum problema a mais do que meu machucado e não soubesse de nada? E se a medicação que ele passasse não fizesse bem pra minha saúde?”, questionou a paciente, que não quis ser identificada.

Falso médico preso em Realengo

Há uma semana, um outro homem que se passava por médico foi preso. Itamberg Saldanha dava plantão na UPA de Realengo usando o carimbo de um médico. Há denúncias de que Itamberg trabalhou em pelo menos doze unidades de saúde do Rio.

“Estamos preocupados, particularmente nas últimas semanas, com esse número de denúncias em relação a falsos médicos. Reiteremos a necessidade das autoridades de checarem de forma bastante objetiva, através do nosso site, que é público, a veracidade das informações”, disse o presidente do Cremerj.

Fonte: G1

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