Uma família de Palmital, que está com três pessoas com testes positivos e outras duas em situação suspeita, fez relato ao Jornal da Comarca sobre a convivência com o coronavírus. Os pacientes, que recebem cuidados médicos e permanecem em isolamento, passam bem e não apresentam complicações decorrentes da doença. As vítimas também expuseram a situação em redes sociais como forma de garantir transparência e evitar boatos.
O agricultor Luís Gustavo Gil da Silva, o Luís Leopoldino, teve sintomas de uma “gripe seca”, uma “friagem” nas pernas e de dor nas costas a cerca de duas semanas. “Aí, ele tomou 30 gotas de dipirona e no outro dia estava ótimo”, contou a esposa e comerciante Viviani Cobianchi, de 45 anos.
Viviani disse que a família não sabe onde houve a contaminação ou quem foi contaminado primeiro. “Desde o início da pandemia, eu, meu marido e meus filhos adotamos o distanciamento, evitando contatos sociais ou locais de risco. Porém, mantivemos nossas atividades profissionais. O Luís continuou indo para o sítio para cuidar dos negócios e, quando necessário, ia até oficinas e lojas de insumos”, contou a comerciante, que tem lojas em Palmital e Assis.
“Minha sogra, que mora sozinha e vem três vezes por semana almoçar em casa, disse na semana passada que não estava bem e acreditava que estaria pegando gripe”, contou Viviani. No último sábado (30/05), após fazer contato com uma tia médica, levaram a idosa até um hospital particular em Assis. Em tomografia do tórax foram detectados focos de infecção viral, sugerindo a presença do coronavírus.
“Em conversa com o Luís, o médico falou sobre a suspeita do coronavírus. Aí, o Luís disse que havia sentido a ‘friagem’ dez dias antes e foi orientado a fazer o teste-rápido, que teve resultado positivo no sábado”, contou a comerciante. “Minha sogra não teve sintomas como falta de ar e coriza. Mas, como tem 80 anos, ela continua internada por precaução e ainda aguarda o resultado do exame. O Luís está com ela, mas logo deverá ser liberado, porque não há mais risco de transmitir a doença”, explicou.
Viviani falou sobre a apreensão diante da doença, mas que não houve pânico porque os sintomas foram muito leves ou quase imperceptíveis. A comerciante, que apresenta perda de olfato e paladar, foi submetida a exame de secreção nasal e oral (swab), cujo laudo ainda não foi divulgado. Uma equipe da Secretaria de Saúde da Prefeitura esteve na residência da família e fez o teste rápido nos três filhos.
Dois deles, um rapaz de 18 anos e uma menina de 13, tiveram resultado positivo. A filha de 19 anos testou negativo e está mantendo distanciamento dos demais familiares. Ela deverá repetir o teste nos próximos dias. “Tivemos de nos adaptar à situação, ficando em isolamento e pedindo tudo por meio de entregas. Os funcionários do supermercado, por exemplo, deixam minhas compras no portão e eu faço o pagamento por transferência bancária”, informou.
Viviane destacou ainda que a família até sofreu alguns problemas logo após o diagnóstico da doença, inclundo algumas mensagens pouco amistosas de pessoas que não entenderam a situação. Contudo, eles procuraram fazer tudo de forma transparente e consciente. “Cortamos todo contato com as pessoas por conta própria, antes mesmo de sermos contactados pela Vigilância Epidemiológica”, contou.
Viviani também tomou a iniciativa de telefonar às pessoas com as quais havia tido contato para que permaneçam em alerta para sintomas do coronavírus e procurem o serviço médico caso necessário. Por meio de nota em rede social, a comerciante anunciou durante o final de semana a suspensão das atividades por 14 dias em suas lojas para evitar qualquer risco de contaminação.
Luís Leopoldino também gravou áudio direcionado aos amigos e agricultores de Palmital, informando que está bem e que testou positivo para o coronavírus. Ele falou que praticamente não teve sintomas e informou que sua mãe, que é cardíaca, está bem e sem sintomas da doença. Também pediu para que as pessoas que tiveram contato com ele fiquem alertas e, a qualquer sintoma, procurem atendimento de saúde.