Ferramenta, não panaceia

            *José Renato Nalini

            O ChatGPT está sacudindo o mundo. Essa ferramenta capaz de redigir textos, mediante solicitação do usuário, deixou apavorado o universo jurídico. É capaz de redigir petições, contratos, selecionar jurisprudência, até entregar sentenças prontas. Para um território em que a palavra é a única alternativa, isso pode ser bom, mas pode ser perigoso.

            As universidades também indagam o que fazer para que o alunado não recorra ao ChatGPT para redigir não apenas os seus trabalhos mais simples, mas até para entregar dissertações e teses melhores do que as que seriam escritas pelos estudantes.

            Outra utilização que despertou perplexidade foi o seu emprego para a elaboração de prédicas e homilias. Muitos os pastores que já são familiarizados com as modernas tecnologias. Para os que se apegam à literalidade das Sagradas Escrituras, há um campo fértil, inesgotável, de possibilidades de conferir maior atratividade a pregações muito repetitivas e desinteressantes. Sobretudo para a juventude antenada com o que é mais fashion ou high-tech.

            É óbvio que um instrumento de busca bem aprimorada, capaz de concatenar ideias e de fornecer um texto sedutor, pode ser algo mais do que interessante na conquista das almas. Existe sempre o risco de um abuso, de substituição da crença pela máquina e de algo falacioso, artificial e até hipócrita.

            Mas o importante é que tudo aquilo que a inteligência humana é capaz de descobrir ou de aperfeiçoar, advém da capacidade que o Criador ofereceu à criatura, de se servir de maneira adequada e saudável de continuar a obra interminável da criação. A prudência, a ética, a moderação e a humildade são auxiliares importantes de quem se propuser a empregar novas habilidades fornecidas pela máquina em sua missão salvífica.

            Um ponto vantajoso é compensar a falta de estudo consistente, que já foi bem sólido nos Seminários antigos, nos quais o Latim e o Grego eram disciplinas indispensáveis, assim como Filosofia, Teologia, Lógica, Sociologia e Psicologia, ao lado da História, matérias hoje negligenciadas pelo iletramento que contaminou todas as estruturas. O ChatGPT – espera-se – não terá erros de concordância, de grafia e de gramática, infelizmente comuns em todas as Igrejas.

            O uso consciente é que faz valiosas as ferramentas, que são apenas isso, não panaceias aptas à resolução de todos os problemas.

*José Renato Nalini é Diretor-Geral da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Secretário-Geral da Academia Paulista de Letras.   

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