Morador de Bauru (SP) prendeu-se ao pilar por quase dez horas para exigir que o pai, há dias internado no Hospital Estadual, recebesse tratamento para a síndrome apontada por especialistas como sequela da Covid.
O morador de Bauru (SP) que ficou quase dez horas acorrentado em um pilar do Hospital Estadual contou ao G1 que ficaria no local o tempo que fosse necessário para garantir um tratamento adequado ao pai dele, diagnosticado com a Síndrome de Guillain-Barré.
“Falei que não ia fazer baderna, só queria chamar atenção. Eu ficaria o tempo que fosse necessário para alguém tomar uma atitude, não era para prejudicar ninguém”, afirmou Carlos.
Carlos Eduardo Fendel acorrentou-se em um dos pilares em frente à unidade por volta das 14h desta quarta-feira (6), com o objetivo chamar atenção para o problema de saúde do seu pai, e só saiu de lá depois das 23h, quando o medicamento foi autorizado pela equipe médica.
“Essa atitude que eu tomei eu precisava fazer isso por mi. Imagina se acontecesse alguma coisa com ele e eu soubesse que poderia fazer mais?”, comenta Carlos.
O pai dele, Leonildo José Fendel, de 68 anos, foi diagnosticado com a Síndrome de Guillain-Barré, que causa paralisação das pernas e braços, semanas depois de se recuperar da Covid-19.
Mesmo depois de curado, Carlos contou que o pai começou a ter dores no corpo e perder a sensibilidade das pernas. A família procurou atendimento médico e suspeitou que o idoso estivesse com a síndrome, já apontada por especialistas como uma sequela da Covid.
No entanto, Leonildo enfrentou dificuldades para conseguir o diagnóstico e também o tratamento pelo SUS. “Aí começou a nossa angústia porque sei que cada dia que passa é crucial porque a pessoa vai definhando”, desabafa.
Resolução
O idoso passou pelo exame neurológico no último dia 4 e foi diagnosticado com a síndrome. No entanto, até esta quarta-feira (6), o medicamento para tratar a doença ainda não tinha sido liberado ao paciente, segundo o filho.
Depois do “protesto”, Leonildo foi autorizado a tomar imunoglobulina e o medicamento já poderia a começar a ser ministrado. Segundo Carlos, a expectativa é que o idoso volte a ter sensibilidade por volta do terceiro dia de tratamento.
Apesar da liberação, o paciente ainda não começou a tomar o medicamento porque está bastante debilitado. A partir de agora, a equipe médica informou ao Carlos que precisa ter um controle maior de todos os problemas de saúde do idoso para começar a medicação.
“Ele está em um grau de debilitação grande que eles precisam ter muitos cuidados de coração, respiração, como está o exame de sangue, para que a medicação não mate ele. É o que eu não queria. A pessoa vai se debilitando tanto que acaba ficando inviável o tratamento”, lamenta o filho.
Em nota, o Hospital Estadual de Bauru informou que “o paciente está recebendo toda a assistência possível”.
O G1 também entrou em contato com a Secretaria Estadual de Saúde, que confirmou que Leonildo “vem recebendo toda a assistência necessária das equipes médicas e de enfermagem, com avaliações diárias de especialistas para melhor tratamento no Hospital Estadual de Bauru”.
Ainda de acordo com a Secretaria, o paciente passou por avaliação com a equipe de neuroclínica na quarta-feira (6) e a unidade tem fornecido todas as informações e orientações aos familiares.
FONTE: G1