A lenda da “loira do banheiro”, uma figura que assombra banheiros escolares pelo Brasil, ganha destaque especial durante o mês de outubro, o mês das bruxas e do Halloween. Segundo dados do Google Trends, as buscas pela assombração aumentam anualmente nesse período. Muitos crianças brasileiras seguem o ritual para “invocar” a assombração: três palavrões, três descargas e um fio de cabelo loiro no espelho.
A origem da lenda remonta ao século 19 e envolve uma personagem real: Maria Augusta de Oliveira Borges, filha do Visconde de Guaratinguetá. Casada contra sua vontade aos 14 anos, Maria Augusta foi para Paris após se separar aos 18, onde morreu jovem, supostamente de hidrofobia, conhecida como raiva humana. Após sua morte, o corpo foi mantido em um caixão de vidro na casa dos pais em Guaratinguetá, e funcionários relataram ver seu vulto, ouvir música de piano e sentir o perfume de rosas brancas.
Segundo o historiador Diego Amaro, Maria Augusta está diretamente ligada à famosa lenda. “Todos os vestígios apontam para ela enquanto a loira do banheiro. A morte dela e o corpo preservado se tornaram assunto, especialmente no Vale do Paraíba, que era uma potência do café”, explicou à Folha. A história ganhou mais mistério quando o imóvel foi transformado na primeira escola da cidade e parte do prédio pegou fogo.
Para Amaro, a lenda transcende o medo e se conecta com a história regional. “A lenda da loira do banheiro desencoraja os alunos de cometerem erros. E ao recuperarmos a história de Maria Augusta, também recuperamos a memória das mulheres da época e da abolição tardia da escravidão em Guaratinguetá”, concluiu.
Fonte: DCM
