Residência no Parque São Jorge, em Presidente Venceslau, fica próxima ao imóvel onde um soterramento matou uma moradora em 2013.
Uma cratera aberta no chão da cozinha fez com que a aposentada Josefa Elza de Menezes, de 71 anos, saísse de sua casa, localizada na Avenida do Estado, no Parque São Jorge, em Presidente Venceslau (SP), interior de São Paulo.
Josefa descobriu o problema no fim do mês passado, quando desconfiou que havia algo estranho no piso da cozinha. A Prefeitura foi avisada do problema e o imóvel foi interditado. A cratera tem cerca de 2 metros de diâmetro e 2,5 metros de profundidade e fica perto da pia.
“Parecia que estava oco. Eu chamei o pedreiro e ele viu que estava somente o piso, sem terra por baixo”, contou a aposentada ao G1.
O local onde mora a aposentada fica perto da residência onde Marta Aparecida Moraes dos Santos, 38 anos, morreu soterrada depois de um desabamento causado por problemas em uma tubulação. O caso aconteceu em 2013. Leia detalhes mais abaixo.
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Insegurança
Josefa foi removida da casa e alocada em um outro imóvel do município pela Prefeitura.
“Eles falaram que iam ver se tinha problema na tubulação, que foi o problema que deu na casa da Marta. Se não tivesse nada, eles iam colocar terra no buraco”, disse a moradora.
A idosa afirmou ainda que comprou o terreno e fez a construção há cerca de 10 anos.
Chuva e soterramento na vizinhança
Marta Aparecida Moraes dos Santos morreu no dia 16 de março de 2013. No dia do soterramento, choveu muito. Marta estava com o marido no quarto quando o chão cedeu. O piso, os móveis e a mulher foram engolidos por uma cratera e Marta morreu soterrada.
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Cinco casas ao redor foram desocupadas, pois corriam o risco de desabar.
Em novembro do mesmo ano, a Polícia Civil concluiu o inquérito sobre o acidente e afirmou que a morte foi causada por negligência da Prefeitura, que desconhecia a existência de uma galeria pluvial embaixo da casa da vítima.
Na ocasião, Josefa não teve o imóvel interditado, mas ela conta que já se sentia insegura, já que morava ao lado do imóvel vizinho ao da Marta.
“Graças a Deus, eu vi que o chão estava oco e que foi na cozinha. Eu moro sozinha também. Quando eu comprei o terreno, ninguém me avisou de galeria embaixo. Eu tenho muito medo. Medo por mim, medo pelo meu filho que mora ao lado, pelos meus vizinhos”, lamentou.
Outros buracos
Além do problema na própria casa, a aposentada ressaltou que em outros imóveis do bairro e na própria rua aparecem buracos.
“Tem um rapaz que joga terra no buraco que abre, mas depois de uns seis meses abre de novo. Nunca resolvem o problema”, pontua.
Se não fossem esses problemas estruturais, ela diz que não teria vontade de se mudar.
“É um bom lugar para morar, se não tivesse esse problema. Mas, na situação que está, eu moraria em qualquer outro lugar. Só queria um cantinho seguro para morar. Qualquer coisa eu aceito”, ressaltou.
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O que diz a Prefeitura
Por meio de nota, o secretário municipal de Obras e Serviços Públicos de Presidente Venceslau, Luiz Eduardo de Castro Silva, confirmou a existência da cratera e o seu tamanho (2 metros de diâmetro e 2,5 metros de profundidade .
“A Prefeitura, através do seu corpo técnico, está fazendo análise no imóvel em comento e nos imóveis vizinhos para identificar as causas do surgimento dessa cratera para aí sim tomar uma decisão de quais ações deverão ser tomadas”, explicou.
Ele ainda ressaltou que o município aguarda passar o “tempo chuvoso para fazer uma análise técnica mais minuciosa”.
O secretário enfatizou que a moradora foi levada para uma edícula que pertence ao município até que o problema seja resolvido.
Fonte: G1