Garoto comoveu pessoas em todo o mundo ao tentar entrar no enclave espanhol de Ceuta. Aschraf Sabir tem 16 anos, a mulher que o adotou morreu há 5 anos e ele foi adotado de novo.
A luta de um jovem imigrante africano, que comoveu pessoas em todo o mundo ao tentar entrar no enclave espanhol de Ceuta amarrado a garrafas de plástico para flutuar, ganhou nesta sexta-feira (28) nome, sobrenome e uma história.
Aschraf Sabir tem 16 anos e foi abandonado ao nascer. A mulher que o adotou morreu há cinco anos e ele foi adotado por uma segunda mulher, uma viúva de um bairro pobre de Casablanca, no Marrocos, segundo o jornal espanhol “El País”.
Nas últimas semanas, milhares de pessoas têm tentado entrar em Ceuta e Melilla, dois enclaves da Espanha no norte da África, que fazem fronteira com o Marrocos, pelo mar.
Com cerca de 80 mil habitantes cada território, as cidades portuárias de Ceuta e Melilla se tornaram ímãs que atraem refugiados que buscam um caminho rápido para a Europa (veja mais abaixo).

Em entrevista ao “El País”, Aschraf afirmou que seu sonho é ir para a Espanha “para poder ajudar minha família primeiro e estudar para realizar meu futuro”.
Ele conversou com o “El País” na casa da sua família em Casablanca, a cerca de 400 km de Ceuta. Foi a terceira tentativa do adolescente de entrar no enclave espanhol.
Sua segunda mãe adotiva, Miluda Gulami afirmou que Aschraf “é um menino muito ambicioso”.
“Estou muito feliz com ele e espero que possa realizar seus sonhos. É um menino muito ambicioso, tem muitas qualidades, e eu não sou capaz de satisfazer seus sonhos”, afirmou Gulami.
Com a repercussão do caso, uma ONG prometeu pagar seus estudos e lhe dar uma casa.
Outras cenas de desespero
Além da imagem de Aschraf, chorando e dizendo a soldados “tentem nos entender, pelo amor de Deus”, outras cenas têm comovido e chocado pelo desespero do imigrantes.
O vídeo de Aschraf viralizou no dia 20. No dia seguinte, a imagem de um imigrantes senegalês abraçando uma voluntária da Cruz Vermelha também correu o mundo (veja no vídeo abaixo).

No dia 18, um guarda civil espanhol resgatou um bebê no mar. Emocionado, Juan Francisco Valle, de 41 anos, afirmou que o bebê de poucos meses estava “estava gelado, frio, não se mexia”.https://tpc.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html
Valle diz ter sido treinado para “quase qualquer situação” no mar, mas nunca viu nada igual à “maré humana de centenas de pessoas desesperadas” que ajudou a salvar em poucos dias.
Oito mil imigrantes alcançaram as praias de Ceuta em um só dia em meio a um incidente diplomático entre Espanha e Marrocos (veja mais abaixo). Muitos foram deportados de volta.

Entenda a crise migratória
Ceuta e Melilla são dois enclaves espanhóis cobiçados pelo Marrocos. As duas cidades portuárias são as únicas fronteiras terrestres entre a União Europeia e a África e, por isso, são muito procuradas como rota de imigração entre os continentes.
Autoridades marroquinas barram a tentativa de imigrantes de entrar nas cidades.
Mas a suspeita é que, desta vez, elas fizeram vista grossa à onda migratória porque a Espanha acolheu Brahim Gali, líder da Frente Polisário e inimigo político do Marrocos, para tratamento de Covid-19 em um hospital em abril.
A Frente Polisário é considerada um grupo terrorista pelo Marrocos. O movimento revolucionário defende o direito à autodeterminação do Saara Ocidental, território a oeste do país que foi colonizado pela Espanha e anexado pelo Marrocos em 1975.
O referendo pela soberania da região de 270 mil km² chegou a ser acertado pela ONU, mas nunca foi realizado.
Em novembro, depois de um longo período de trégua, as hostilidades recomeçaram e Gali declarou estado de guerra na região.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2021/I/w/7MXTjbRHuMKR3zZ4RASQ/1805-mapa-ceuta-e-melilla.jpg)
Fonte: G1