Em meio à crise provocada pelo coronavírus, a indústria de bordado em Ibitinga e Tabatinga (SP) em vez de demitir está precisando contratar. São pelo menos 500 novas vagas de emprego que devem ser geradas na região.
Isso porque a estrutura das fábricas está sendo usada pra fazer produtos essenciais durante a pandemia, mas bem diferentes do que os funcionários estavam acostumados.
No lugar da costura das peças de enxovais, as fábricas trabalham na produção de máscaras e outros itens que fazem parte da proteção de quem está atuando na linha de frente do combate ao coronavírus.
“Nós estamos produzindo tanto para doação como para sobrevivência da empresa. Nós estamos produzindo e vendendo, assim mantemos os nossos colaboradores. Mas, também temos a Santa Casa de Ibitinga para onde fazemos as máscaras como doação”, afirma o gestor de produção Douglas Ceriberto Martins.
Só em uma das fábricas de Ibitinga, são 2,5 mil máscaras produzidas por dia. São as descartáveis, feitas com TNT e as de tecido duplo, que devem ser lavadas.
Além das máscaras, os costureiros de Ibitinga tão produzindo toucas e propés, usados pra envolver o calçado de médicos e enfermeiros.
Antes trabalhando como cortador de tecidos, Leandro Moreira agora está aprendendo a costurar. Se dá pra falar que o coronavírus trouxe algo de bom, foi uma nova atividade ao rapaz.
“A gente vai aprendendo e hora passa rápido e nós também estamos nos dedicando para alguém que está precisando e também tem que trabalhar.”
Em outra fábrica de Ibitinga, 200 funcionários trabalham, todos os dias, confeccionando enxovais, mas por causa da pandemia de coronavírus, um novo desafio apareceu. Os costureiros tão produzindo máscaras e aventais de TNT que são distribuídos para todo o Brasil.
“Não era só a nossa Santa Casa que precisava, várias unidades de saúde estão com essa demanda por EPIs e nós pensamos, com todo esse maquinário, porque não colaborar e atender essa demanda em todo o país. E estamos fazendo isso a um preço realmente de custo”, afirma o empresário Ailton Pereira.
Além do TNT, tecidos de algodão tão sendo usados pra fabricação de equipamentos de proteção individual.
O coronavírus tem feito com que as fábricas de Ibitinga passem a se adequar a um novo tempo. A capital nacional dos bordados e enxovais pretende ser, também, conhecida como a capital da fabricação de equipamentos de proteção individual, os EPIs.
Ao todo, dez fábricas tão trabalhando na confecção dos equipamentos de proteção individual, segundo o vice-prefeito da cidade, Frauzo Ruiz Sanches. Os empresários devem contratar 400 novos empregados.
Não é só em Ibitinga que as contratações tão sendo feitas. Na cidade vizinha, Tabatinga, das 60 empresas do município, 30 tão contratando funcionários. A maioria pra trabalhar na confecção de EPIs.
Só em uma das fábricas de bordados infantis, 15 pessoas foram contratadas na última semana. Nos próximos dias devem ser abertas 150 oportunidades de trabalho em Tabatinga.
Oportunidade para pessoas como o costureiro Alex Angelo Ferraz que estava desempregado há um ano. “Tive que aprender uma nova função, achei que ia ser difícil conseguir o emprego, mas deu certo.”
O cortador Gabriel Pires também foi contratado em meio à crise do coronavírus. Ele estava sem trabalhar há quatro meses. Agora, vai ter como pagar as contas.
“Teve muita queda de emprego em todas as fábricas por conta de tudo ter caído, a falta de entrega de alguns produtos, as vendas, mas o que está salvando agora é a produção dessas máscaras.”
“A gente tem que se reinventar. Diante de tantas crises, agora nessa situação a gente não pode esmorecer. Temos que seguir em frente, não dá para desistir”, finaliza o empresário Fábio Costa.
Fonte: G1