Integrantes de CP decidem pelo arquivamento da denúncia contra vereadora que teve carro guinchado

Relatório agora vai a votação pelo plenário; Professora Daniela (PL) está sendo investigada por tráfico de influência e quebra de decoro depois que ligou para tenente-coronel ao ter carro apreendido.

Os integrantes da Comissão Processante (CP) que investiga a vereadora Professora Daniela (PL) por possível tráfico de influência e quebra de decoro decidiram, por 2 votos a 1, pelo arquivamento da denúncia. A CP foi aberta depois que a parlamentar ligou para a tenente-coronel Márcia Cristal ao ter o carro guinchado em Marília (SP).

Na reunião desta segunda-feira (28), o relator da CP, vereador Mário Coraini (PTB), votou pelo arquivamento da investigação, assim como o vereador João do Bar (PP). Já o parlamentar José Carlos Albuquerque (PSDB), presidente da comissão, votou pelo prosseguimento da CP.

A partir de agora, a decisão é encaminhada para a presidência da Casa e para a votação em plenário, que pode decidir pelo prosseguimento da CP. A votação, que poderia ocorrer ainda na sessão desta segunda-feira (28), acabou ficando ficar para a próxima semana.

Integrantes de CP durante reunião desta segunda-feira (18) que decidiu pelo arquivamento da denúncia: plenário pode reverter — Foto: Câmara de Marília/Divulgação
Integrantes de CP durante reunião desta segunda-feira (18) que decidiu pelo arquivamento da denúncia: plenário pode reverter

Na última quinta-feira (24), os membros da comissão haviam se reunido para analisar a defesa da vereadora. No documento, ela afirmou que não ligou para a comandante do Batalhão da Polícia Militar, a tenente-coronel Márcia Cristal, para pedir interferência dela na apreensão do carro, que era dirigido pela filha.

Segundo o PM que apreendeu o veículo, o carro estava com o licenciamento vencido e pneus carecas. Em sua defesa, a parlamentar disse que existe legislação que impede que um veículo seja apreendido caso o licenciamento esteja atrasado por menos de 30 dias e que uma perícia comprovou que os pneus estavam em perfeitas condições de rodar.

Tenente-coronel Márcia Crystal, comandante da PM em Marília — Foto: Câmara de Marília/Divulgação
Tenente-coronel Márcia Crystal, comandante da PM em Marília

Relembre o caso

A polêmica começou quando o carro da vereadora foi apreendido e guinchado por estar com documentos vencidos e pneus gastos, de acordo com o sargento.

Na ocasião, a vereadora ligou para a tenente-coronel Márcia Cristal, comandante do 9º Batalhão da Polícia Militar de Marília, que entrou em contato com o sargento e ameaçou trocá-lo de função caso não tivesse “bom senso” nas abordagens. Em seguida, o policial foi afastado. 

Na ligação a que a TV TEM teve acesso, o policial explica que constatou que o carro da vereadora não tinha licenciamento e estava com os pneus gastos, motivo pelo qual decidiu abordar a filha dela, que dirigia o veículo, na Rua Carlos Botelho.

O policial informou, no áudio, que deu a oportunidade para que ela fizesse o pagamento via aplicativo, mas a jovem e o pai, que chegou ao local mais tarde, teriam dito que não tinham condições.

Toda a conversa teria ocorrido porque o policial guinchou o carro da vereadora que estava com licenciamento vencido em Marília — Foto: TV TEM/ Reprodução
Toda a conversa teria ocorrido porque o policial guinchou o carro da vereadora que estava com licenciamento vencido em Marília

Depois de ouvir a história, a tenente-coronel pede para que o policial não ficasse “tumultuando” e diz que ele deveria ter apenas feito a orientação, sem apreender o carro.

“Porque isso daí é falta de bom senso, tá? Ela é vereadora. É, é, a condição, você pode muito bem estar fazendo e orientando, tá? E aí segunda-feira, ela pegaria o documento e não precisa apreender o veículo”, diz a tenente-coronel no áudio.

Em seguida, a comandante ameaça trocar o policial de setor se ele continuar agindo de tal maneira, já que ele teria desobedecido uma ordem superior.

Na ligação, a tenente-coronel afirma que o policial pode ser transferido do setor  — Foto: TV TEM/Reprodução
Na ligação, a tenente-coronel afirma que o policial pode ser transferido do setor

“Se for desse jeito é o que eu to falando, você não vai estar mais segunda-feira no trânsito (…) porque essa aqui é uma ordem minha, você vai responder também”, continua a tenente coronel.

A conversa continua por mais alguns segundos e a tenente-coronel repete que o policial de trânsito deveria ter tido bom senso ao analisar a situação, já que a mulher é vereadora.

“Olha o que você tá causando, porque politicamente ela é vereadora. Não teve nem uma conversa, o que você está achando que você é?”, questiona no áudio.

O Comando do Policiamento do Interior da região de Bauru (CPI-4) informou que o policial que efetuou a apreensão não foi afastado, mas estava matriculado em um curso em São Paulo, agendado para o dia 24 de agosto.

Por causa disso, segundo a PM, ele não iria exercer suas atividades em Marília até a conclusão do curso, que aconteceu no último dia 4.

O sargento ficou em primeiro lugar no curso de Policiamento de Trânsito promovido pela corporação. Em um vídeo que circula nas redes sociais, é possível ver o momento que o segundo-sargento Alan Fabrício Ferreira é chamado para receber o troféu de 1° colocado e é aplaudido de pé pelos colegas.

Antes disso, ex-PMs também chegaram a fazer um protesto em solidariedade ao policial.

Retorno às ruas e ação do MP

O policial que recebeu as ameaças por telefone após guinchar o carro da vereadora voltou às suas funções no policiamento de trânsito que exercia nas ruas da cidade antes da polêmica.

Segundo-sargento Alan Fabrício Ferreira, que guinchou carro de vereadora, voltou às ruas de Marília após ameaça de transferência — Foto: Arquivo pessoal
Segundo-sargento Alan Fabrício Ferreira, que guinchou carro de vereadora, voltou às ruas de Marília após ameaça de transferência

A informação foi confirmada no último dia 8 de setembro, em nota do Comando do Policiamento do Interior da Região de Bauru (CPI-4), ao qual é subordinado o Batalhão de Marília.

Na nota, a PM informa que “o militar envolvido na ocorrência reassumiu a mesma função em que se encontrava” e que seu afastamento após a polêmica se deu para que ele pudesse frequentar um curso de especialização para o qual já estava matriculado.

O anúncio do retorno do policial às ruas de Marília aconteceu no mesmo dia em que o Ministério Público abriu um inquérito para investigar um possível ato de improbidade administrativa cometido pela tenente-coronel Márcia Cristal.

FONTE: G1

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Cláudio Pissolito

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