Interesse público ou eleitoral

“…surgem novos personagens, mas as práticas de aliciamento de eleitores permanecem as mesmas…”

 

A aproximação do ano eleitoral municipal de 2020, quando haverá eleição para prefeito e vereador em todos os 645 municípios paulistas e nos 5570 municípios brasileiros, que deve envolver praticamente todos os atuais detentores de cargos eletivos, seja em busca da reeleição ou para alçar outros voos, faz com que as motivações políticas-eleitorais se sobreponham ainda mais sobre o interesse público. Muitas decisões dos representantes dos executivos e dos legislativos passam a carregar dose ainda maior de interesse publicitário, de espetáculo ou de populismo como meio de alavancar nomes e projetos.

Sempre apostando da falta de memória de curto e médio prazo do eleitorado, grande número de pretensos candidatos saem de seus confortáveis casulos bem remunerados para começar a se expor, a mostrar serviço e a se envolver de corpo e alma em atividades beneméritas e comunitárias, muitos deles transformados em virtuosos atores da política. Aqueles que estão mantendo cargos em seguidos mandatos, sem sequer apresentar resultados palpáveis de melhoria da condição de vida nas cidades que representam, já fazem a pregação repetida de todas as campanhas e, com os recursos dos gordos salários, iniciam campanhas milionárias fora de época.

Entre as muitas formas de conquistar votos ou a simpatia de grupos de apoio estão incluídas atividades condenadas pela legislação, como oferecer vantagens e facilidades aos eleitores, seja pelo transporte em veículos particulares, pelo pagamento de contas atrasadas, pelo patrocínio esportivo e de festas e eventos. Outros crimes são a intermediação pessoal em serviços públicos e até na prática de infração grave dentro dos cartórios eleitorais, como o pagamento de multas de eleitores que são transportados ao órgão para o recadastramento eleitoral biométrico.

Enfim, passa-se o tempo e surgem novos personagens, mas as práticas de aliciamento de eleitores permanecem as mesmas, como a oferta de serviços de intermediação para entrada de pedidos de aposentaria, inclusão de nomes em cadastros sociais ou a intervenção junto a postos de saúde e hospitais para agilizar o atendimento de saúde pública. Para se defender do ataque perverso dos falsos beneméritos, que usam a deficiência dos serviços que deveriam ter melhorado para oferecer vantagens, basta o cidadão fazer o exercício da memória. Afinal, o mau político não muda da noite para dia e muito menos os malucos se transformam em pessoas equilibradas.

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Cláudio Pissolito

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