A vida em sociedade cria papéis e status, sempre, de acordo com uma determinada estrutura social, política, econômica, religiosa e social.
Papéis e status, na sociedade, são os lugares e/ou condições de vida, dentro dos quais as pessoas são aceitas e reconhecidas. STATUS. É o lugar ou posição que a pessoa ocupa na estrutura social, de acordo com os valores presentes, o julgamento coletivo ou consenso de opinião do grupo. Esse lugar pode ser legal (adquirido por meios legais, como: emprego, profissão…) ou social (adquirido por herança, atribuído por votação…) PAPEL. É o padrão de comportamento esperado e exigido de pessoas que ocupam determinado status. Portanto, as maneiras de comportar-se, esperadas de qualquer indivíduo que ocupe certa posição (status), constituem o papel associado com aquela posição.
Legitimados por convenções, costumes e ideologias, os papéis e os status, que poderiam ser chaves de ascensão humana, as vezes, são portas fechadas, diante das quais muitas pessoas estão impedidas de avançar. De fato, em algumas sociedades, a ascensão social chega a ser algo impossível; até determinista! Não é para todos! É sorte! É para alguns!
Na verdade, porém, mesmo com os condicionamentos sociais; mesmo com as ideologias legitimadoras, status e papel, deverá ser assumido como uma questão de mérito pela luta, pelo trabalho, pela educação, pela busca, pela conquista, pelos avanços, pelo crescimento, pelo amadurecimento…
Infelizmente, porém, a coisa não é bem assim. O mundo vive em pé de guerra! Por causa de papéis e status, a sociedade vive numa constante tensão entre poder e força, individualismo e individualidade, coletividade e comunidade. O mal, porém, não é a tensão existente. O mal é que tudo isso aponta para diversas situações de conflito, guerra, contenda, competição, rixas, rivalidades. A todo custo, as pessoas querem o topo, o melhor, o primeiro lugar, o ter, o prazer, o poder.
O mundo ‘não está bem das pernas’. Novas relações humanas são urgidas por novas disposições de fé!
Jesus diz: “O meu reino não é deste mundo” (Jo 18,36). Jesus é rei e tem um reino. Ele não é rei como os reis do mundo e, seu reino não é como os reinos do mundo. Jesus é o Rei-Messias; o Rei-Servidor.
O Reino de Deus não está estruturado em papéis e status e nem é mantido por relações de poder e força. Diz o apóstolo: “O Reino de Deus não é questão de comida ou bebida; é justiça, paz e alegria no Espírito Santo. Quem serve a Cristo nessas coisas, agrada a Deus e é estimado pelos homens. Portanto, busquemos sempre as coisas que trazem paz e edificação mútua” (Rm 14,17-19). Numa só palavra, o Reino de Deus é vida plena e abundante.
Constatamos, porém, que vivemos em contradição conosco e às avessas com a nossa humanidade porque, afirmamos atitudes e comportamentos que estão em desequilíbrio com a vida e com a fé, numa verdadeira estrutura de morte.
Jesus é rei, tem um reino e o seu reino não é desse mundo. E nós? A que reino pertencemos e a que rei servimos? Jesus é o rei do universo! Tudo está sob sua lei e ordem! É incoerência vivermos sob outro poder que não o de Jesus. É uma contradição buscarmos outro espaço de realização.
O mundo vive da incoerência e da contradição e, infelizmente, não dá ouvidos ao Evangelho do Reino. Mas, a Palavra de Deus, que não está algemada, grita a verdade a todos e conclama: “O tempo já se cumpriu, e o Reino de Deus está próximo. Convertam-se e acreditem na Boa Notícia” (Mc 1,15).
Já chegou a hora de reconsiderarmos aquilo que estamos vivendo e o que está nos movendo. Chegou a hora de repensarmos nossa vida e nossa fé. A situação mal referenciada de papel e status deve ceder lugar a novas relações de fé e vida; de uma busca fundamental: “em primeiro lugar busquem o Reino de Deus e a sua justiça, e Deus dará a vocês, em acréscimo, todas essas coisas” (Mt 6,34).