Testemunhas relataram que ela já havia aparecido com hematomas pelo corpo. Defesa disse ao g1 que Diego Resende só vai falar à Justiça.
A investigação da Polícia Civil sobre o assassinato da jovem de 20 anos morta pelo namorado por ciúmes durante um ménage, em Patos de Minas, está na fase de oitiva das testemunhas. Nesta quarta-feira (19), a delegada Tatiana Carvalho disse que a vítima, Gilmara Ferreira, havia se mudado para a cidade neste ano e que já havia sido agredida pelo companheiro, Diego Resende, em outras ocasiões.
Conforme a delegada, a jovem, que nasceu em Alagoas, chegou a perder o emprego que tinha em uma lanchonete porque um homem estava vigiando ela no local. O inquérito que apura o crime deve ser concluído até a próxima semana.
Relacionamento abusivo
Nascida em Flexeiras (AL), Gilmara Ferreira se mudou para Patos de Minas há cinco meses para morar com amigos. Ela não tinha parentes na cidade e mantinha contato com a família pelo telefone.
Segundo a delegada, ela conheceu Diego Resende pouco depois de se mudar para Minas Gerais e os dois começaram a viver juntos em agosto.
“Com o tempo, ela foi se isolando e perdendo o contato. Os amigos não a viam há dois meses, e estavam suspeitando até que as mensagens mandadas pelo celular dela não eram escritas por ela, pelas palavras usadas. Há a suspeita que ela era impedida de sair de casa”, disse Tatiana.
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De acordo com Tatiana, em depoimento à Polícia Civil, amigos da jovem relataram que tinham percebido hematomas no corpo dela. Além disso, Gilmara perdeu o emprego em uma pastelaria porque um homem estava vigiando ela.
“Os donos do estabelecimento perceberam que um homem, que não era o suspeito, estava vigiando ela no local. Então, eles ficaram incomodados e mandaram ela embora”, continuou a delegada.
Em relação ao suspeito, Tatiana informou que ele já possuía passagem pela polícia e histórico de violência doméstica.
“Ele tem antecedentes de ameaça, lesão corporal e uso de drogas. Então é uma pessoa já com alguma passagem policial e infelizmente os depoimentos tem mostrado uma pessoa muito ciumenta, muito possessiva, com atitudes agressivas”, declarou.
“Fica o alerta para que as pessoas denunciem casos de relacionamento abusivo e que as vítimas não insistam em continuar, porque o fim, como nesse caso, quase nunca é bom”, finalizou.
O que diz a defesa
De acordo com o advogado de defesa de Diego, Gustavo Virgílio, informou que o suspeito não fez nenhuma declaração na delegacia e que só vai se pronunciar à Justiça. Segundo ele, a juíza da audiência de custódia, realizada na terça-feira (18), determinou que ele deve continuar preso até o fim das investigações.
“A defesa pediu a juntada de alguns laudos médicos de atendimento no CAPS [Centro de Atenção Psicossocial], para avaliar a condição psiquiátrica dele e, até mesmo, eventualmente, pedir que ele seja submetido exame de sanidade por perito médico psiquiatra”, afirmou o advogado.
O crime
O homicídio ocorreu na noite da última sexta-feira (14), na residência em que o casal morava, na Avenida Tomaz de Aquino. De acordo com a Polícia Militar, o suspeito procurou o outro rapaz por meio de uma rede social e o convidou para a prática conhecida como “ménage”. Durante a relação sexual, ele sentiu ciúmes da companheira e começou a agredi-la.
O rapaz que havia sido convidado relatou aos militares que tentou ajudar a vítima, mas foi ameaçado e agredido pelo suspeito com um cabo de madeira. Ele só conseguiu sair da casa horas depois e contou a situação para um amigo, que chamou a PM.
De acordo com o delegado de Homicídios, Luiz Mauro Sampaio, Diego Resende agrediu a companheira por mais de uma hora. O corpo da vítima foi encontrado no interior da residência com sinais de violência e dentro de um saco fechado com fitas.
A PM informou que foi até o local do crime e prendeu o suspeito em flagrante. Segundo a corporação, ele confessou ter cometido o assassinato por ciúmes.
Fonte: G1