Na decisão, o juiz Alexandro Conceição dos Santos, considerou que o dentista Murilo de Almeida não teve intenção de causar a morte de Maria Flávia Camoleze, 26 anos. Acidente aconteceu em maio deste ano, em Assis.
O motorista que provocou o acidente que matou uma psicóloga de 26 anos em maio deste ano, em Assis, foi solto nesta quarta-feira (15) após uma decisão da Justiça que considerou que não houve homicídio com dolo eventual no caso. A prisão de 6 anos e 3 meses de reclusão foi convertida em prestação de serviços voluntários.
Na sentença, o juiz Alexandro Conceição dos Santos, da 2ª Vara Criminal de Assis, considerou que o dentista Murilo de Almeida não teve intenção de causar a morte de Maria Flávia Camoleze.
O acidente aconteceu na madrugada do dia 1º de maio. Segundo as investigações, Murilo estava embriagado e participava de um racha por quase 1 km antes de perder o controle do carro e bater em uma clínica dentária em uma praça da Avenida Rui Barbosa. Maria Flávia estava no banco de passageiro do veículo. O motorista, inclusive, foi indiciado pelo crime de homicídio doloso.
Na decisão da Justiça que foi proferida em audiência realizada na segunda-feira (13), Murilo foi condenado a 6 anos e 3 meses de prisão pelos crimes de homicídio culposo – quando não há intenção – na direção de veículo automotor e pela prática de disputa ilegal na direção de veículo automotor em via pública – popularmente conhecido como racha.
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Maria Flávia trabalhava como psicóloga em Assis — Foto: Arquivo pessoal
No entanto, na mesma decisão, o juiz converteu a prisão, que inicialmente seria em regime semiaberto para prestação dos serviços assistenciais. Além disso, Murilo perdeu o direito de dirigir por 2 anos e 6 meses e deverá pagar multa no valor de 15 salários mínimos para a família de Maria Flávia.
O dentista estava preso preventivamente desde o dia 18 de maio, depois que a Justiça aceitou o recurso do Ministério Público.
Além de Murilo, na mesma decisão, o juiz condenou o motorista do outro carro que disputava o racha. João Pedro Mascareli Pádua foi condenado a 5 anos de prisão, que também foi convertida em trabalhos voluntários, 2 anos de suspensão do direito de dirigir e pagamento de multa no valor de 10 salários mínimos pela disputa de racha, por omissão de socorro e fuga do local do acidente.
A sentença foi dada em primeira instância e ainda cabe recurso. O pai da psicóloga, o advogado José Augusto Camoleze, participou do julgamento como assistente de acusação e informou que vai recorrer da decisão ao Tribunal de Justiça de São Paulo.
Segundo o advogado a decisão da Justiça foi contraditória ao considerar que houve a disputa de racha, mas que o motorista não teve a intenção de produzir o resultado que foi a morte de Maria Flávia e nem assumiu esse risco.
“O Murilo tinha conhecimento do local onde aconteceu o acidente, ele tinha passado por ali 40 minutos antes quando saiu de uma churrascaria e foi para um bar. Então ele sabia que naquele trecho havia uma curva que é impossível, pelo o que foi demonstrado na perícia, fazer sem derrapar se estiver a mais de 38 km/h. Ele seguia pela avenida a 101 km/h e bateu no muro da clínica odontológica a mais de 80 km/h. A nosso ver houve sim o dolo eventual e estamos confiantes que essa sentença será reformada em instâncias superiores”, afirma.
O g1 também entrou em contato com a defesa de Murilo de Almeida, mas ainda não obteve retorno.
Acidente
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Mapa mostra sequência de imagens que mostram que carro onde a psicóloga estava disputava racha quando bateu — Foto: Reprodução
Imagens registradas por diferentes circuitos de segurança de Assis mostram parte do trajeto que o carro em que estavam a psicóloga e o dentista fez naquela madrugada.
FONTE: G1