A liberação pela Justiça, na audiência de custódia, de um homem de 53 anos, preso em flagrante por estupro de vulnerável, revoltou um casal morador em Sumaré. Acusado de estuprar um garoto de 4 anos no último dia 24 de junho, E.R.S., segundo familiares, alegou para o juiz que fez uma cirurgia do coração e foi solto para responder ao crime em liberdade. A cirurgia foi feita há cerca de dez anos e após ser solto o homem desapareceu de casa. Em nota, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP) disse que por se tratar de menor de idade, o caso corre em segredo e não pode ser comentado.
Com o início da pandemia no Brasil, em março, o TJ, como medida preventiva para prevenir e evitar o contágio do coronavírus no sistema prisional, que presos com mais de 60 anos de idade, e problemas respiratórios, cardíacos, diabetes, hipertensão, e imunodepressores fossem soltos e cumprissem pena em casa. “Que Justiça desgraçada é essa que não deixa esse homem preso, mesmo com todas as provas? Se com minha dor e revolta tivesse matado esse safado, será que a Justiça teria me deixado solta? É inadmissível. A gente tenta fazer a Justiça valer e ela não vale quando precisamos”, desabafou a mãe do menino, uma gestora de 31 anos.
E.R.S., é casado com a mãe do pai da criança. Os avós vivem a cerca de dois quarteirões da casa do menino. O abuso sexual foi descoberto pela própria mãe da criança. Ela relata que no dia, acompanhou a sogra até a casa dela para ajudá-la a levar a refeição para o casal. A sogra, de 60 anos, havia dormido na casa da gestora e passado o dia com o filho, a nora e o neto.
Ao chegarem na casa da sogra, elas foram para a cozinha, acompanhada do menino, mas em dado momento a gestora se atendeu a um chamado da empresa e perdeu a criança de vista. Mas quando encerrou a ligação, viu que o filho não estava perto dela e saiu a procura. “Foi questão de segundos. Quando entrei no quarto deparei com uma cena que não me sai da cabeça. Fiquei cega de raiva. Peguei meu filho e fui na cozinha em busca de uma faca, mas por sorte não achei, porque mataria o safado”, contou.
O homem estava de camiseta e cueca e passava as mãos nas partes íntimas da criança. O menininho contou para a mãe que aquela não seria a primeira vez, mas que outras vezes o avô teria feito o mesmo, na casa da avó. “Fiquei sem chão. Falei para minha sogra e ela não acreditou. Chamei a polícia que o levou preso e a família ficou contra eu e meu marido”, disse. “Mas minha maior revolta é dele não ter ficado preso. Eu não consigo dormir mais e nem meu filho e ele está solto. Será que ele não fez isso com outras crianças? Minha sogra cuidava de um menino”, disse.
Em nota, o TJ informou que processos que envolvem menores tramitam em segredo de Justiça e que por isso não poderia informar os andamentos. “De qualquer forma, esclarecemos que o Tribunal de Justiça não emite posicionamento sobre questão jurisdicional. Os magistrados têm independência funcional para decidir de acordo com os documentos dos autos e seu livre convencimento. Essa independência é uma garantia do próprio Estado de Direito”, frisou e acrescentou: Quando há discordância da decisão, cabe à parte a interposição dos recursos previstos na legislação vigente.
Fonte: Correio Popular