Criança de 4 meses deu entrada no PS Pediátrico no dia 17 de março com falta de ar, mas foi liberada pela alta demanda de pacientes em Botucatu (SP). Família registrou boletim de ocorrência e sindicância foi aberta pela prefeitura para apurar o atendimento.
O laudo necroscópico emitido nesta terça-feira (22) constatou que a bebê de quatro meses morreu devido a uma pneumonia aspirativa, que pode ocorrer em bebês que aspiram líquidos, um dia após ser liberada do Pronto-Socorro (PS) Pediátrico em Botucatu (SP). A prefeitura abriu uma sindicância na última semana para apurar o atendimento.
Segundo relato da mãe ao g1, o primeiro laudo foi emitido pelo Hospital das Clínicas (HC), que administra o PS em parceria com a prefeitura do município. O Instituto Médico Legal (IML) também deve enviar um segundo laudo.
Ainda segundo a mãe, Jucimária Oliveira Sales, de 27 anos, o IML deve concluir a perícia nesta terça-feira e, se constatar algo diferente do que está no laudo do HC, a Polícia Civil informou à família que abrirá inquérito para apurar o caso.
Jucimária também contou ao g1 que registrou boletim de ocorrência e vai contestar os médicos sobre a mancha que apareceu no pulmão da filha, Helena Oliveira Sales, depois de um raio-X feito no dia do atendimento no PS.
Isso porque, segundo a mãe, outra justificativa apresentada pelos médicos para liberá-la é que a mancha no pulmão da criança seria a mesma de dias anteriores, quando a menina já havia sido diagnosticada com pneumonia.
“Eu questionei porque foi uma morte que podia ter sido revertida, não foi uma morte súbita. No dia da morte dela, os médicos não souberam nem explicar para nós o que havia acontecido com a minha filha. A médica olhou nos meus olhos e falou que a mancha no pulmão poderia ser por conta da pneumonia que ela teve no dia 1º de março”, lamenta.
No dia 1º de março, a mãe explicou no B.O. que levou Helena ao PSI com problemas respiratórios, de onde foi levada ao HC e ficou dois dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Na ocasião, além da pneumonia, a menina foi diagnosticada com Covid-19.
Transcorridos 15 dias, a bebê apresentou falta de ar pela segunda vez e, por isso, os pais a levaram ao PSI. Mesmo após os exames feitos, os médicos a liberaram pela alta demanda de pacientes no dia, com a condição de que, se o quadro piorasse, a família retornasse ao PSI.
Um dia depois, 17 de março, os pais acionaram o Serviço de Atendimento Móvel (Samu), por volta das 10h, que levou Helena de volta ao HC. Ainda no hospital, a morte da bebê foi constatada.
Em nota enviada no dia 19 de março, o HC havia confirmado que a menina passou pelo atendimento médico, porém o PS infantil estava com alta demanda e período de espera de até cinco horas.
Porém, ainda na nota, o HC disse que avaliações preliminares sugeriam que a causa da morte não estaria relacionada com a queixa inicial relatada na consulta, nem com o atendimento prestado no PSI.
Na nova nota emitida nesta terça-feira (22), o HC explicou que está prestando toda assistência necessária e fará uma reunião com a família nesta tarde para esclarecer o laudo.
O g1 entrou em contato com a prefeitura de Botucatu para saber quanto ao andamento da sindicância aberta para apurar o atendimento, mas não obteve resposta até a publicação da reportagem.
Fonte: g1