Lições do incêndio

“…mulheres, crianças e idosos em busca de pedaços de papelões e latinhas que são transformados em alimentos…”

O incêndio em um depósito de materiais reciclados havido na semana passada em Palmital serviu para abrir discussões sobre essa atividade de enorme risco, muito pouco valorizada e absolutamente necessária para garantia da higiene pública e particular e, principalmente, de enorme importância ambiental.

As mil toneladas de materiais queimados junto a veículos, galpões, máquinas e equipamentos, que estariam poluindo a natureza ao envenenar as águas e servir de abrigo e alimento para animais peçonhentos, também causou enorme prejuízo a uma rede invisível de trabalhadores abnegados.

As muitas acusações feitas nas redes sociais, as ilações desnecessárias para aquele momento e as reclamações pela fumaça que certamente causou muito incômodo a todos, ignoraram a existência de uma cadeia produtiva que gera empregos, renda e riqueza de forma quase anônima.

Afinal, é provável que a grande maioria da população desconheça a existência de um depósito particular de materiais recicláveis naquela região da cidade pois, para muitos, a atividade se resume à velha carrocinha de um humilde trabalhador que percorre as ruas em busca de resíduos das atividades consideradas mais nobres e relevantes.

O Brasil está entre os países que mais recicla no mundo, junto com os ricos Alemanha, Bélgica, Coreia do Sul e Eslovênia, mas infelizmente nossa posição não se dá pela consciência ambiental ou pela valorização da atividade, mas sim pelo grande número de pessoas de baixa renda que se sujeitam a esse trabalho pesado e insalubre.

Em muitas festas e eventos, enquanto muitos se fartam de comida e bebida e descartam resíduos e embalagens de forma inadequada, surgem mulheres, crianças e idosos em busca de pedaços de papelões e latinhas que são transformados em alimentos para suas famílias.

Para que sejamos de fato uma sociedade desenvolvida, é preciso valorizar todas as atividades laborais, principalmente as que demandam mais esforços e que poucos se sujeitam a enfrenta-las, pois o progresso material deve ser acompanhado do respeito às pessoas.

A melhoria dos serviços de reciclagem passa necessariamente pela atuação do poder público em treinar, orientar, fiscalizar e oferecer condições dignas de trabalho aos recicladores, enquanto à sociedade compete separar o lixo de forma adequada, lavar plásticos e latas contaminados e entrega-los nas melhores condições aos recicladores que deles tiram o sustento.

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Cláudio Pissolito

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