A seca extrema que atinge o Brasil, considerada a pior dos últimos 70 anos, está trazendo preocupações sobre uma nova onda de inflação no país. A falta de água pode ter um impacto direto no custo de vida dos brasileiros, elevando os preços de alimentos, combustíveis renováveis, como o etanol, e energia elétrica. Além disso, o setor de logística também pode ser afetado, o que pode aumentar ainda mais o custo de diversos produtos.
O Banco Central enfrenta desafios adicionais para controlar a inflação em um cenário já complexo. Com o desemprego em baixa e o aumento da renda dos trabalhadores, o consumo das famílias está elevado. Esse ambiente favorece a aceitação de reajustes de preços, especialmente nos serviços, além de influenciar os custos dos produtos industrializados devido à desvalorização do real frente ao dólar.
A estiagem prolongada, que já dura mais de cem dias em algumas regiões, afeta as safras de importantes produtos agrícolas como açúcar, café e laranja, que já apresentam aumento de preços.
O etanol, derivado da cana-de-açúcar, também pode ter seu preço elevado, principalmente no período de entressafra. Em 12 meses até agosto, o açúcar refinado subiu 6,31%, a laranja-pera teve alta de 47,56%, o café aumentou 16,64%, e o etanol, 10,05%, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do IBGE.
Os efeitos da seca nos preços de alimentos e energia, somados à demanda aquecida e à desvalorização do real, levaram economistas a revisarem suas projeções de inflação para este ano. A expectativa agora é de que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) continue pressionado em 2025, podendo justificar um novo ciclo de aumento das taxas de juros para controlar a inflação.
O setor de cana-de-açúcar é um dos mais afetados pela seca e pelas queimadas. A Organização das Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana) informa que 100 mil hectares de canaviais foram queimados recentemente, principalmente em São Paulo – o prejuízo estimado é de R$ 800 milhões.
Na produção de laranja, os efeitos da seca também são devastadores. A Fundecitrus revisou suas estimativas de produção para 2024/25 em 7%, prevendo agora 215,78 milhões de caixas, quase 30% menor do que o ano anterior.
O setor cafeeiro também sofre com a falta de chuvas. A última estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para 2024 era de 58,81 milhões de sacas de café, mas as previsões já estão sendo revistas para baixo devido à seca.
A seca também ameaça a próxima safra de grãos, como soja e milho.
Fonte: DCM