O conceito que define a boa administração pública, tanto em nível municipal, estadual ou federal, está muito ancorado na realização de obras, principalmente as suntuosas, de grande porte, aquelas que merecem grandes festas de inauguração e que recebem bastante divulgação, sempre citadas como importantes conquistas para a população.
Não por acaso, o termo “canteiro de obras” é muito usado para definir o desempenho de uma gestão pública como efetiva e desenvolvimentista, indicando que o titular do cargo é realizador e capaz de mudar o perfil de uma cidade graças à visibilidade das construções.
Entretanto, é preciso lembrar que cada nova obra construída e inaugurada representa o acréscimo de mais um custo fixo a ser arcado pelas finanças públicas e que pode comprometer a capacidade de pagamento de outras despesas, como a remuneração de funcionários e a prestação de serviços importantes em áreas mais sensíveis como a educação, a saúde e a assistência social.
Afinal, cada prédio público construído, além do custo da obra, acrescenta despesas com funcionários, vigias, serviços de telefonia, de internet e de zeladoria, além da natural depreciação do bem público.
“…cada nova obra construída e inaugurada representa o acréscimo de mais um custo fixo…”
Diferente da iniciativa privada, que busca sempre a redução e a otimização dos espaços para reduzir despesas e investir na atividade fim da empresa, que de fato é essencial para seu crescimento, no serviço público a prioridade é a visibilidade, o que faz relegar as obras invisíveis, como redes de esgoto, em favor de obras majestosas, nem sempre necessárias.
Não por acaso, cidades com muitos prédios e espaços públicos são as que mais acumulam despesas fixas que comprometem seus orçamentos e inviabilizam a prestação de outros serviços que podem fazer a diferença na vida das pessoas.
Considerando que muito mais importante do que grandeza e a beleza é a funcionalidade do prédio e a eficiência dos serviços prestados, o melhor aproveitamento dos espaços, as reformas bem planejadas e a recuperação dos bens públicos podem ser o caminho para economizar recursos e investi-los na capacitação das equipes.
Por mais que uma obra suntuosa seja motivo de orgulho da população e cause a admiração dos visitantes, os serviços essenciais é que de fato impactam no humor e na avaliação das pessoas que necessitam de atendimento nos momentos de dificuldade, quando de fato a administração é considerada eficiente ou não.
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