O desembargador Antônio Carlos Malheiros morreu na madrugada desta quarta-feira (17/03) em São Paulo. A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP). Ele lutava contra um câncer.
De acordo com o TJ-SP, mesmo doente, Malheiros continuava participando dos julgamentos do colegiado. Ele foi pró-reitor de Cultura e Relações Comunitárias da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), era também o segundo desembargador mais antigo do judiciário paulista. O corpo de Antônio Carlos Malheiros será cremado às 17h, na Vila Alpina.
Antônio Carlos Malheiros era um dos magistrados mais respeitados e reconhecidos do TJ-SP por sua humildade, pela defesa da Justiça e dos Direitos Humanos. Além da magistratura, Malheiros se dedicava as causas sociais junto às pastorais do Menor e do Povo de Rua e na Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo. Também divertia crianças adoentadas em hospitais, vestido de palhaço. Ele ainda criou a Coordenadoria da Infância e Juventude do TJ e sempre atuou pela estruturação das varas da infância e juventude.
MALHEIROS MINISTROU PALESTRA EM PALMITAL

O desembargador Antônio Carlos Malheiros estevem em Palmital no início de setembro de 2014 para ministrar palestra no salão social do Instituto Bola e Cidadania durante a programação da Semana Evangélica. O evento foi promovido pela subsecção da OAB, com apoio do Poder Judiciário da Comarca, da Prefeitura e do Conselho de Pastores.
A palestra reuniu autoridades, representantes de entidades e um grande público. O desembargador falou sobre sua trajetória de vida e do sentimento do choque da desigualdade social ainda na juventude, quando conheceu a realidade de uma favela e teve o contato com “a dor, a miséria e a tristeza” de pessoas que viviam na miséria, fato que gerou compaixão e o transformou para o resto da vida.
O desembargador contou que passou a atuar nas ruas do centro de São Paulo junto a viciados e acompanhou histórias de vida marcadas pela pobreza e a desesperança, além de conhecer melhor a dura realidade de muitas famílias. A história das ruas também se fundiu à própria trajetória do magistrado, que acolheu um jovem que, após várias recaídas, abandonou o vício e o considerou como “pai”.

Malheiros também lembrou sua experiência junto a pacientes com Aids, que o levou a fundar a Associação Viva e Deixe Viver, onde encorpava o “Palhaço Totó”. Por meio do personagem, ele também atuava como contador de histórias para crianças portadoras de HIV no Hospital Emílio Ribas.
Durante a palestra, o desembargador destacou que é necessário o desenvolvimento de políticas sérias voltadas aos mais pobres, que são a maioria dos viciados. Entre as ações citadas por ele estão o atendimento universalizado na área social, bem como o acesso pleno à saúde e à educação, por meio de núcleos de atendimento médico próximos a comunidades pobres, escolas públicas de qualidade e condições ideais de saneamento básico, além de emprego em frente de trabalho e qualificação profissional.