Motorista da Uber é preso suspeito de dopar e estuprar cliente

Um motorista da Uber está preso desde a quinta-feira (15) à tarde depois de ser reconhecido por uma cliente, que o acusa de tê-la drogado e estuprado durante uma viagem em São Paulo, na madrugada do dia 10 de agosto. O caso foi registrado na 9ª Delegacia da Mulher, de Pirituba, como estupro de vulnerável porque a vítima estava inconsciente.

Dario dos Santos Palma, 30, afirma ser inocente. Ele apenas confirmou, segundo a polícia, que transportou a cliente. Ele ainda não apresentou advogado de defesa. Na Uber, ele usava o nome de outra pessoa, um tio.

A foto do registro na Uber era diferente da foto que aparecia para os clientes, diz relatório policial.

A mulher, que terá seu nome e local de residência preservados pela reportagem, tem 32 anos e estava no apartamento de uma amiga, confraternizando em um jantar. Ela contou que, ao pegar o Uber, por volta das 3h do dia 10, estava alcoolizada, mas consciente.

Segundo seu depoimento à polícia, ela sentou-se no banco de trás do carro e, por estar com sede, perguntou se o motorista tinha água. Ele disse que não, mas parou em um posto para comprar uma garrafa. A cliente disse não se lembrar se a garrafa lhe foi entregue aberta ou fechada.

A partir daquele momento, diz a jovem, ela começou a perder a consciência. Os relatos seguintes são, de acordo com ela, flashes de memória que a cliente foi recobrando na manhã seguinte, depois de acordar em sua casa com o passante da calça rasgado e com dores fortes no corpo.

Para a cliente, o motorista a dopou com alguma droga na água. Ela contou à polícia, segundo o relatório dos investigadores, que Dário parou o carro e foi para o banco de trás, puxando sua calça, o que acabou rasgando o passante do cinto. Depois de abaixar sua calça, o homem teria cometido o estupro enquanto a cliente protestava.

Segundo o boletim de ocorrência a cliente contou que o homem tentou segurá-la quando o carro parou na porta de seu prédio, mas ela correu e entrou em seu apartamento, deixando no carro o celular.

De acordo com o relatório policial, os investigadores conferiram, por imagens de segurança, que a cliente entrou no carro pela porta de trás e desceu, em frente ao seu prédio, pela porta da frente.

O percurso registrado no aplicativo com 1h03 de viagem, no meio da madrugada, foi refeito pelos investigadores no meio da tarde do dia 13. Os policiais levaram 21 minutos para fazer a viagem, relatando tráfego intenso, às 16h. E o posto de gasolina do trajeto também foi localizado.

Segundo o relatório policial, Dario deu duas versões para explicar por que a cliente começou a viagem no banco traseiro e a encerrou no banco de trás. No primeiro momento ele disse que ela fez a troca quando pararam no posto de gasolina. Depois, afirmou que parou o carro para a cliente trocar de lugar.

O que diz a Uber

A Uber divulgou uma nota afirmando lamentar o “crime terrível que foi cometido” e dizendo que está colaborando com a polícia, o que foi confirmado pela delegacia. A empresa lembra que as viagens são registradas por GPS, o que auxilia o trabalho das autoridades.

Sobre o registro dos motoristas, a empresa afirmou que usa uma ferramenta de “verificação de identidade em tempo real”. “De tempos em tempos, o aplicativo pede, aleatoriamente, para que os motoristas parceiros tirem uma selfie antes de aceitar uma viagem ou de ficar on-line”.

A Uber afirmou ainda que fechou um contrato com o Serpro, a empresa de TI do governo, para checar as informações cadastrais dos motoristas.

Aqui está a íntegra da nota.

“A Uber lamenta o crime terrível que foi cometido e já está colaborando com as autoridades no curso das investigações. A empresa repudia qualquer tipo de comportamento abusivo contra mulheres e acredita na importância de combater, coibir e denunciar casos de assédio e violência. A conta do motorista parceiro foi banida assim que a denúncia foi feita.

Todas as viagens são registradas por GPS. Isso permite que, em caso de necessidade, nossa equipe especializada possa dar suporte às autoridades, observada a legislação brasileira aplicável, compartilhando informações sobre motorista parceiro e o usuário, seus históricos e qual o trajeto realizado, além de acionar seguro que cobre despesas médicas em caso de incidentes.

Como parte do processo de cadastramento para utilizar o aplicativo da Uber, todos os motoristas passam por uma checagem de antecedentes criminais realizada por empresa especializada que, a partir dos documentos fornecidos pelo próprio motorista e com consentimento deste, consulta informações de diversos bancos de dados oficiais e públicos de todo o País em busca de apontamentos criminais, na forma da lei.

Além disso, a Uber utiliza uma ferramenta de “verificação de identidade em tempo real”. De tempos em tempos, o aplicativo pede, aleatoriamente, para que os motoristas parceiros tirem uma selfie antes de aceitar uma viagem ou de ficar on-line, para ajudar a verificar se a pessoa que está usando o aplicativo corresponde àquela da conta que temos no arquivo. Isso ajuda a prevenir fraudes e protege as contas dos condutores de serem comprometidas. A Uber também realiza rechecagens periódicas dos motoristas já aprovados pelo menos uma vez a cada 12 meses.

A Uber fechou um contrato com o Serpro, empresa de TI do Governo Federal, para confirmar as informações cadastrais dos motoristas parceiros e candidatos a motoristas e de seus veículos, em tempo real, a partir das informações da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e do Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo (CRLV), com a autorização do Denatran – Departamento Nacional de Trânsito. As fotos dos motoristas também serão verificadas digitalmente, com um software especialmente desenvolvido para isso, denominado Datavalid, que compara as imagens fornecidas pelo condutor com as arquivadas pela autoridade de trânsito, a fim de prevenir fraudes.

A Uber anunciou um compromisso público para enfrentamento à violência contra a mulher no Brasil, materializado no investimento de R$ 1,55 milhão até 2020 em projetos elaborados ao longo dos últimos 18 meses em parceria com dez entidades que são referência no assunto.”

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Cláudio Pissolito

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