Mulheres e crianças oprimidas

“…casados que vivem como se fossem solteiros, que jamais compartilham vida social ou familiar com suas esposas…”

As trágicas estatísticas que indicam o aumento da violência doméstica neste longo período de pandemia, quando muitas famílias estão confinadas e vivenciando uma experiência nova, de convivência em tempo integral, expõem as mazelas de uma sociedade machista, de subjugação de mulheres e crianças e até de abusos e agressões psicológicas e físicas.

O núcleo familiar, que deveria representar o porto seguro para todos os entes unidos pelos laços consanguíneos e de amor, em muitos casos se mostra frágil e apenas de aparências mantidas pela opressão e ameaças permanentes.

Os casos de famílias que sofrem as consequências da falta de empatia, de respeito mútuo e de consideração para com a condição marido-mulher e de pais-filhos, não se restringem às camadas da população de baixa renda ou de pouca instrução, pois o fenômeno se repete em todos os espectros sociais, quase sempre de forma silenciosa, sem muitos alardes.

Nos raros casos em que existem denúncias de familiares vítimas ou de vizinhos e parentes, a falta de provas e a dificuldade para interferir no núcleo familiar quase sempre resultam em continuidade e até aumento da violência doméstica.

Casos de mulheres, filhos e, ainda que raramente, de maridos oprimidos, tratados com desrespeito ou mesmo crueldade, são muito mais comuns do que se constata.

As agressões quase sempre acontecem de maneira sutil, às escondidas, pela ameaça da força física e do poder econômico de quem garante o sustento da casa, ainda que precariamente. Sem opções, mulheres e filhos se submetem a maus tratos e a humilhações acintosas e covardes, pois como dependentes econômicos e pelo julgamento social a que estão sujeitos, são obrigados a simplesmente se calar diante das arbitrariedades cometidas.

Homens casados que vivem como se fossem solteiros, que jamais compartilham vida social ou familiar com suas esposas e filhos e que tem comportamento agressivo nas atividades profissionais e de lazer são os mais propensos a praticar a violência doméstica, seja física ou psicológica.

Mulheres confinadas em suas casas, sem amigos, com o mínimo contato social ou familiar, e filhos silenciosos, receosos e ressentidos, são sinais externos de algo errado.

Diante das evidências, muitos se calam e até aceitam como fato corriqueiro o comportamento de uma família de fachada, marcada pela opressão e pela truculência que transforma pessoas em escravos morais.

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Cláudio Pissolito

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