“…vacina não é apenas um gesto de proteção pessoal, para salvar a própria vida, mas sim uma prova de empatia…”
“Em casa que falta pão, todos brigam e ninguém tem razão”. Esse antigo ditado popular ilustra muito bem as seguidas crises sanitárias e de saúde pública que causam as mais variadas manifestações, sejam de negação dos riscos ou de cobrança pelos cuidados em evitar os exageros de aglomerações e de eventos nesse período de transmissão de doenças.
Os embates públicos pelas redes sociais, com acusações mútuas entre os que fazem a defesa da ciência e das regras mais rígidas, e aqueles que sequer acreditam na doença, assim como as notícias falsas propositais, criam ambiente negativo para o enfrentamento da pandemia.
Com o registro de novo aumento de casos, ainda que menos agressivos, mas que seria a terceira ou quarta onda de contaminações, cria-se uma nova discussão absolutamente inútil, travada por leigos, sobre a eficácia da vacina, com argumentos favoráveis e contrários à imunização de adultos e crianças.
Enquanto a maioria com mais discernimento entende que a vacina não é apenas um gesto de proteção pessoal, para salvar a própria vida, mas sim uma prova de empatia e de consciência da vida em sociedade, outros buscam notoriedade com a negação da doença ou acreditando na imunidade natural.
Também é preciso observar que as doenças combatidas com vacinas, como varíola, poliomielite e tétano, estão praticamente debeladas e que as novas gerações sequer imaginam que há pouco tempo essas enfermidades causavam muitas mortes, fazendo com que desconheçam a importância dos imunizantes.
Outros grupos temem reações adversas e de ingerência medicamentosa no sistema imunológico, enquanto os mais imaginativos, pregadores da teoria da conspiração, encontram motivos ideológicos, políticos e até de estratégia comercial para acreditar que as doenças são armas de guerra produzidas em laboratórios.
Junto às muitas circunstâncias que afastam o Brasil da condição de povo com mais consciência e aceitação de vacinas e até referência mundial em imunização, soma-se o presidente negacionista, descrente da ciência e que tem como característica a contestação por meio de embates travados com ideias e frases lacradoras que encantam a parte da população que deseja um herói, mesmo que sem lastro.
Portanto, essa enorme divisão social e política incentivada nos últimos anos pelos interessados na polarização, agora ameaça também a saúde pública dos brasileiros, incluindo as crianças que estão ficando sem vacina.