Novas imagens mostram chifres em veado campeiro albino e momentos de interação com a mãe no Pantanal

Depois do registro feito pelo biólogo Bruno Sartori, natural de Bauru (SP), foi a vez da também bióloga Giovanna Leite capturar imagens do animal na região de Caiman, no Mato Grosso do Sul. Desenvolvimento de chifres indica que animal é macho e tem cerca de 7 meses de idade, apontam especialistas.

Considerado um animal raríssimo, o veado campeiro albino foi visto novamente passeando pelo Pantanal, um dos berços da biodiversidade do planeta, e desta vez ele estava acompanhado da mãe.

Depois do registro feito pelo biólogo Bruno Sartori, natural de Bauru (SP), foi a vez da também bióloga Giovanna Leite capturar imagens do animal. Ela, assim como Bruno, atua como guia de safári na região de Caiman.

Nas imagens feitas no dia 14 de abril, é possível ver o animal interagindo ao lado da mãe. Ele nasceu com uma mudança genética e, por isso, não produz melanina, que é o pigmento do corpo que dá a cor à pele. A alteração não permite que o veado se camufle e pode dificultar sua sobrevivência, segundo especialistas.

“Eles começaram a se acariciar, se lamber, esfregar a cabeça um no outro, o que é um comportamento comum entre mãe e filhote nessa interação de cuidado e zelo. Foi uma cena muito linda”, conta Giovanna.

Mãe e filho veados-campeiros foram vistos se acariciando no Pantanal — Foto: Giovanna Leite/Instagram/Reprodução
Mãe e filho veados-campeiros foram vistos se acariciando no Pantanal — Foto: Giovanna Leite/Instagram/Reprodução

🦌 Chifre é coisa de macho!

Algo que chamou a atenção no encontro com o animal foi o desenvolvimento de chifres. O fato ajudou a desvendar um mistério entre os biólogos que atuam na preservação da fauna local: ele é um macho.

“Foi como conseguimos identificar e termos uma ideia de quando ele nasceu. Ele deve tá chegando aos 7 meses, já que tá começando a crescer esse chifrinho dele, que vai se desenvolver até uma galhada completa”, revela o biólogo Bruno Sartori, que atua ao lado de Giovanna.

O veado-campeiro (Ozotoceros bezoarticus) pesa de 30 a 40 quilos e os machos possuem chifres ramificados, geralmente com 3 pontas quando adultos. Ele é trocado todos os anos, caindo no mês de maio, quando então emerge um novo chifre, recoberto por uma pele (velame) que se desprende quando o chifre completa o crescimento, em setembro.

Nascimento de chifres em veados-campeiros indicam que o animal é macho — Foto: Bruno Sartori/Arquivo Pessoal
Nascimento de chifres em veados-campeiros indicam que o animal é macho — Foto: Bruno Sartori/Arquivo Pessoal

Esse ciclo de chifres é regido pelos níveis de testosterona, um hormônio masculino: em níveis mais baixos quando o chifre cai e em níveis mais altos quando perde o velame.

“Além de ser um registro muito raro, é uma oportunidade de trazermos um pouco mais de atenção pra essa espécie. O cuidado parental dura até o sexto ou sétimo mês, depois os jovens já seguem sozinhos, e já pudemos ver também que a primeira galhada dele começou a se desenvolver, deve terminar de crescer entre junho e julho”, explica o biólogo.

Animal começa a ganhar independência por volta dos 7 meses — Foto: Bruno Sartori/Arquivo Pessoal
Animal começa a ganhar independência por volta dos 7 meses — Foto: Bruno Sartori/Arquivo Pessoal

Espécie ‘meio ameaçada’

Originalmente, a espécie era encontrada em abundância em grande parte da América do Sul, desde o norte do Brasil, passando por toda a região central e sul. No entanto, especialistas apontam que as populações foram drasticamente reduzidas e estão geograficamente isoladas.

No Pantanal e no Cerrado ainda são mais ou menos abundantes, também podem ocorrer de modo isolado em outros pontos do Brasil.

“Alguns pesquisadores indicam que sua área de distribuição diminuiu 98% em relação à sua área original. Muito dessa diminuição é por causa da alteração do seu habitat natural para a criação de plantações, caça e doenças que eles podem contrair dos rebanhos bovinos. Essa combinação de fatores fez a espécie ser extinta em alguns biomas”, comenta Bruno.

Atualmente, a espécie está na lista vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), sendo classificada como próximo de se tornar uma espécie ameaçada, considerando a população atual combinada.

O veado-campeiro é ainda um animal exclusivamente herbívoro, podendo ingerir quase qualquer tipo de vegetal, segundo especialistas, porém, eles preferem folhas novas, gomos, arbustos e flores. São considerados pastadores e podadores, podendo ingerir mais de 78 espécies diferentes de vegetais.

“Estamos falando de um animal que não tem como comportamento se deslocar por grandes distâncias, que vivem nas mesmas áreas por toda a vida. Na natureza, ele pode chegar aos seus 9 a 12 anos, forrageando e agindo como “podadores” dos arbustos e gramíneas, modificando a paisagem local”, explica o biólogo Bruno.

Bauruense se emocionou ao registrar veado campeiro albino no Pantanal — Foto: Bruno Sartori/Arquivo Pessoal
Bauruense se emocionou ao registrar veado campeiro albino no Pantanal — Foto: Bruno Sartori/Arquivo Pessoal

Reprodução para sobrevivência

O especialista ainda conta que o tempo médio de gestação é de sete meses, dando à luz um filhote por vez. Os nascimentos podem ocorrer ao longo do ano todo, apesar de serem mais frequentes entre os meses de agosto e novembro.

Os filhotes nascem pintados para auxiliar na sua camuflagem e essas pintas são perdidas até os quatro meses de idade, quando começa o desmame.

“São animais que atingem idade reprodutiva após o primeiro ano de vida, perto dos 14 meses e tem uma gestação de aproximadamente 7 meses, cerca de 200 dias. Então, é uma espécie que demora a se recuperar e “retomar” áreas onde costumava existir. Ainda mais se considerarmos que as fêmeas terão apenas um filhote por vez”, comenta.

Veado-campeiro albino na região do Caiman no Pantanal — Foto: Bruno Sartori/Arquivo Pessoal
Veado-campeiro albino na região do Caiman no Pantanal — Foto: Bruno Sartori/Arquivo Pessoal

Adulto ou filhote, fêmea ou macho, a espécie é capaz de fascinar pela beleza e serve

de exemplo sobre a importância da preservação da riqueza ecológica da região pantaneira do Mato Grosso do Sul.

“Como é lindo vê-lo crescer saudável! Apesar de todas as dificuldades de um animal albino de se desenvolver em ambiente muito quente e ensolarado como o Pantanal, ele resiste!”, comentou Giovanna em postagem no Instagram.

Veado-campeiro é uma espécie com grande presença no Pantanal — Foto: Bruno Sartori/Arquivo Pessoal
Veado-campeiro é uma espécie com grande presença no Pantanal — Foto: Bruno Sartori/Arquivo Pessoal

Fonte: G1

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