O aviso do fogo

As mudanças climáticas, há muito tempo anunciadas por estudiosos e cientistas, sempre acusados de exagerados e alarmistas, agora são comprovadas da forma mais agressiva e, quem sabe, muito tardia, já que as medidas para o enfrentamento ficam restritas à adaptação e não à reversão da situação.

A redução das águas subterrâneas, que abastecem poços comuns e artesianos, o desaparecimento de nascentes, o assoreamento de rios e o aumento do calor nas cidades e nas regiões rurais são provas inequívocas de que vivemos um momento de mudanças radicais e rápidas.

Em vez de rever as formas de exploração dos recursos existentes, que desde sempre sofrem com o descuido e o exagero, o que se faz é a readaptação da agricultura com plantas mais resistentes, a criação de novas raças de animais na pecuária e o uso de máquinas e equipamentos mais modernos na indústria e nos serviços.

Sem rever os conceitos dos processos econômicos e devolver ao meio ambiente o que foi retirado ao longo do tempo, para buscar a restauração dos bens que garantem o equilíbrio do ecossistema, os meios de produção permanecem baseados em métodos exploratórios que levam os recursos naturais à exaustão.

“…os meios de produção permanecem baseados em métodos exploratórios…”

Em vez de atuar no desenvolvimento de sementes e variedades de plantas mais produtivas, que garantem mais lucros, os pesquisadores são obrigados a focar na criação de espécies mais resistentes, mesmo que tenham menor produtividade.

Neste mesmo sentido, os novos bairros urbanos são projetados com mais galerias e canaletas de escoamento, em vez de priorizar as áreas de infiltração e os sistemas de reaproveitamento da água e de uso de energia solar, como provam as substituições de luminárias comuns pelas de LED em todas as cidades, que continuam usando a energia elétrica produzida em usinas hidro e termoelétricas.

Entre tantos sinais emitidos pela natureza diariamente, em escala cada vez intensa e explícita, como o excesso de calor, o fim do inverno e as chuvas intensas concentradas no mesmo espaço em curto período de tempo, o aumento dos incêndios é o mais claro, visível e devastador.

As queimadas localizadas que facilmente escapam ao controle e se espalham perigosamente, o fogo causado pelos raios e até mesmo a combustão espontânea, causada pelo atrito de materiais muito secos em período de ar sem umidade são os avisos mais eloquentes da natureza informando que é preciso mudar de atitude antes que seja tarde.

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Cláudio Pissolito

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