O pior da política

Historicamente, a atividade política sempre foi exercida com muitas regras de comportamento e de tratamento, incluindo o uso da norma culta nas falas e certos ritos para saudações e referências a terceiros, incluindo pronomes pessoais como excelência, senhoria, senhor e senhora, pelo exercício contínuo da educação e do respeito nos recintos públicos.

Nas campanhas políticas, também era comum o esmero verbal nos discursos, como prova da capacidade de comunicação equilibrada do orador, que sempre buscava substantivos e, principalmente, adjetivos apropriados para cada situação ou público.

O teor das propostas apresentadas pelos candidatos era baseado em valores éticos e morais ligados à honestidade, ao respeito, à responsabilidade, à cooperação, à lealdade, à empatia, à liberdade e ao altruísmo, demonstrando a boa formação e as melhores intenções daquele que se apresentava como liderança da situação ou como opção da oposição.

Até mesmo nas críticas mais severas aos adversários havia uma dose de respeito com o uso sutil do humor e da sátira para amainar as falas mais contundentes e evitar termos chulos, os chamados palavrões, sempre considerados inadequados.

“…nova geração de políticos incapazes de praticar sequer o valor básico da educação.”

Em pleno século 21, chegando a um quarto do terceiro milênio, o que se constata é a degradação da fala e da comunicação na atividade política, tomada de assalto pelos lacradores deseducados, desrespeitosos, inconvenientes e absolutamente desconectados do sentido de respeito e civilidade que deve permear as relações humanas.

Respostas ofensivas, ataque pessoal ao entrevistador diante de uma pergunta séria e uso de termos grosseiros, principalmente com mulheres, fazem parte do novo normal adotado pela política nacional, revelando uma nova geração de políticos incapazes de praticar sequer o valor básico da educação.

O pior da política é constatar que o político não mais se apresenta preferencialmente ao público educado, sério, ético e trabalhador, mas sim aos aproveitadores, aos que vivem às margens das leis e aos que preferem o proveito próprio em detrimento ao bem coletivo.

Mais lamentável ainda é perceber que o público que consome a linguagem chula, que prefere os lacradores deseducados e não mais se importa com os bons valores e com os melhores princípios, já estão em pé de igualdade com aqueles que, muito breve em minoria, ainda cultivam os valores universais do amor, felicidade, liberdade e paz.

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Cláudio Pissolito

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