“…políticos precisam apenas de votos, pois podem ser até mesmo analfabetos…”
Em período eleitoral, o tema educação e valorização do professor é explorado à exaustão, como repetição de um mantra forte que serve para conquistar mentes, corações e votos.
Seguindo os especialistas em marketing eleitoral e as pesquisas de opinião pública, que sempre apontam a saúde e a educação como principais preocupações dos eleitores, todos os candidatos dedicam espaços generosos em seus planos de governo e nas propagandas de suas campanhas.
Entretanto, o que sempre se observa é a enorme distância entre o discurso e a prática, pois caso contrário o tema não seria recorrente em todas as eleições.
Enquanto os prédios de prefeituras, câmaras e secretarias municipais são belos e suntuosos, quase sempre regados a iguarias servidas aos titulares e funcionários, as escolas quase sempre são antigas e mal conservadas pela falta de atenção e de verbas para manutenção preventiva ou reformas necessárias.
As salas de vereadores e das diretorias são dotadas de modernos equipamentos que conferem conforto aos usuários, com ar-condicionado, móveis novos e modernos, frigobar e até cozinha completa, mas as escolas dependem muito da boa vontade dos serventes e do empenho de professores e diretores para obter o mínimo necessário.
Outra distância absurda comprovada desde sempre entre o discurso e a prática é a diferença salarial entre os políticos e os professores, pois a valorização é inversamente proporcional à importância de cada um.
Enquanto o professor se forma com muito estudo, as vezes com dificuldade, necessita de muita vocação e só se torna titular do cargo por meio de concursos muito concorridos que incluem provas de conhecimentos e títulos, os políticos precisam apenas de votos, pois podem ser até mesmo analfabetos designados com a incumbência de criar leis.
O professor é o responsável pela formação do médico, bem remunerado e valorizado, do engenheiro, muito respeitado, do vereador, do prefeito, do deputado e até do presidente, mas não recebem o devido valor como contrapartida pela importância da atividade.
Em muitas cidades, como em Palmital, vereadores recebem mais que o dobro dos professores, enquanto os prefeitos tem subsídios que chegam a ser até seis vezes maiores que o piso salarial dos professores. Para se refletir, em apenas um mandato um prefeito recebe mais que o valor recebido pela maioria dos professores durante 30 anos de carreira.