De acordo com a decisão, medida foi tomada porque os pais teriam deixado de cumprir com indicações médicas. No entanto, Rodrigo Machado, de Bauru (SP), cita despreparo do hospital no atendimento à criança, que tem displasia broncopulmonar.
O pai de uma criança de 3 anos utilizou as redes sociais para expor a situação que tem vivido com o filho em um hospital particular de Bauru (SP). Rodrigo Machado, de 35 anos, critica uma decisão judicial que determinou a internação compulsória do menino e proibiu visitas do pai no hospital.
Gael, de 3 anos, tem displasia broncopulmonar, uma doença que acomete recém-nascidos prematuros e deixa a criança com dificuldade para respirar. Por causa disso, o menino precisa de um respirador, que os pais alugaram, e de assistência constante.
De acordo com o mandado judicial, emitido em março deste ano, a internação compulsória foi determinada porque os pais rejeitaram levar o filho ao hospital em uma ocasião, o que era indicação médica, e não autorizavam o ingresso de profissionais da saúde na casa deles com regularidade.
Já as visitas de Rodrigo ao hospital teriam sido suspensas, segundo o documento, porque ele foi agressivo e ameaçou os profissionais durante os serviços assistenciais em casa que eram oferecidos a Gael.
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De acordo com Rodrigo, as enfermeiras contratadas para a assistência domiciliar do Gael faltaram, o que atrapalha a rotina da família, e que muitas vezes precisou ensinar o serviço às funcionárias.
O morador registrou um boletim de ocorrência contra a empresa terceirizada oferecida pelo convênio para o serviço domiciliar, devido às faltas e suposto despreparo da equipe. Agora, Rodrigo pede ajuda nas redes sociais sobre como proceder em relação à internação compulsória do filho.
Nascimento prematuro
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De acordo com Rodrigo Machado, Gael e Pedro são gêmeos prematuros, nascidos em maio de 2019. Por conta da prematuridade, foi necessário que o desenvolvimento dos meninos fosse concluído na incubadora da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal.
O motofretista afirmou que, neste período, os dois bebês contraíram uma bactéria hospitalar que poderia causar falência múltipla dos órgãos. Após completar três meses e apresentar melhora, Pedro recebeu alta e voltou para casa.
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Na mesma época, o irmão Gael precisou ser transferido para o Hospital Estadual, onde, segundo o pai, recebia atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Aos seis meses, Gael também recebeu alta do hospital.
Contudo, para que essa alta do Gael fosse efetivada, a equipe médica orientou que Rodrigo e a esposa comprassem ou alugassem um respirador móvel, devido ao diagnóstico de displasia broncopulmonar. Por meio de uma campanha na internet, a família conseguiu alugar o aparelho.
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Em casa
Para oferecer melhor qualidade de vida ao Gael, os pais dele optaram por pagar pelo convênio particular da Unimed. Rodrigo disse que, à época, o hospital passou a oferecer um serviço terceirizado de assistência domiciliar ao menino.
Em 2019, por preferir prestar o atendimento ao filho, Rodrigo pediu que o serviço de assistência do hospital particular fosse realizado a cada 12 horas, das 7h às 19h, sendo que, no período noturno, ele faria os cuidados do menino.
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Ainda naquele ano, Gael teve um episódio de insuficiência respiratória e precisou ser levado à noite para o hospital. Na ocasião, o convênio exigiu que os cuidados prestados pelo serviço de assistência passassem a ser de 24 horas, com enfermeiras sempre à disposição.
No entanto, Rodrigo alega que por várias vezes as enfermeiras contratadas faltaram, o que atrapalha a rotina da família. Além disso, o pai afirma que as funcionárias não são qualificadas para o serviço.
“Eles mandam pessoas totalmente despreparadas para os cuidados, não dão treinamento nem acompanhamento, simplesmente mandam a pessoa e a família que lute. Deixei isso por muito tempo, perdendo inclusive vários empregos, porque tinha que ficar acompanhando as profissionais e até mesmo ensinando elas”, relata Rodrigo.
“Minha rotina é acordar cedo para ficar de olho nas plantonistas que entram às 7h, espero minha esposa retornar da clínica e saio pra trabalhar, aí fico até tarde da noite trabalhando. Mas, ultimamente a Unimed não tem mandado cuidadora e tenho que ficar em casa aos cuidados do meu filho”, continua o motofretista.
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Segundo Rodrigo, o hospital alega que a alteração para o plantão de 24 horas se deu porque o pai não estaria apto para cuidar do menino, já que o estado de saúde dele é delicado.
“Meu filho já precisou ser internado mais de 70 vezes. O meu pensamento é que se eles querem colocar gente em casa por 24 horas, precisa ser gente apta para cuidar do meu filho. Muita das vezes, eles mandam gente que nem sabe trocar fralda. Teve uma vez que veio uma jovem formada, mas que me disse que nunca havia trabalhado na área, nem em estágio. Ela vendia capinha de celular no shopping e mandaram ela para trabalhar como cuidadora”, diz.
Internação compulsória
Em março deste ano, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP), por meio da Vara da Infância e Juventude de Bauru, emitiu um termo de busca e apreensão de Gael, que deveria ser encaminhado até o hospital de forma compulsória, com ajuda da Polícia Militar.
De acordo com a Unimed, “a ação para a internação do paciente foi proposta pelo Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) em relação aos pais do menor, visando garantir os interesses e a saúde do paciente”.
“Por conta da conduta dos pais da criança, de não autorizar o ingresso de profissionais na residência com regularidade, deixando de aceitar e de cumprir com as indicações médicas, apesar de todas as tentativas […]. O risco que o menor correu nesta semana visto que com febre, a indicação médica era de removê-lo até ao hospital, o que os pais rejeitaram, bem como inúmeros boletins de ocorrência que confirmam que os profissionais se apresentam para seus plantões e são impedidos de trabalhar”, diz o mandado judicial.
Ainda no termo, a Justiça suspendeu as visitas de Rodrigo ao filho enquanto estiver internado no hospital, alegando que o pai foi agressivo e ameaçou os profissionais durante os serviços assistenciais em casa. As visitas da mãe foram autorizadas.
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No momento em que o filho foi levado, Rodrigo relembra que acompanhou a ambulância até o hospital. Contudo, no local, diz que foi impedido pelos seguranças de ver o filho e falar com a médica, e colocado para fora da unidade.
“Meu filho é totalmente dependente de mim, já morei com ele no hospital, todas as internações eu que fico com ele. Nunca ficamos tanto tempo separados. Minha irmã está lá, falou que ele está tendo que ficar sedado, pois sente a minha falta e está agitado. Tudo isso tem nos afetado demais, estou muito abalado, pois nem avisados nós fomos. Já fiz muitas reuniões com o hospital para que eles cuidassem melhor do meu filho”, alega.
Até a manhã desta terça-feira (21), Rodrigo informou que Gael está com pneumonia internado na UTI do hospital.
“Eu parei minha vida, faz quatro anos que eu vivo por esse menino e eu não posse nem chegar perto do meu filho por ordem do juiz. Isso é quase a morte, mentiram que eu sou um pai agressivo que não sei cuidar do meu filho. Não sei quanto tempo vai demorar para conseguir ver ele de novo ”, lamenta.
Além de dizer que a ação para a internação do paciente foi proposta pelo MP, a Unimed Bauru também afirmou, em nota, que foi colocada à disposição do paciente a assistência necessária para o atendimento domiciliar, com registros e evolução em prontuário, e que não pode fornecer informações detalhadas em vista do sigilo médico que envolve o caso.
Fonte: G1