JD Perón governava a Argentina, Getúlio Vargas o Brasil e Carlos del Campo o Chile. Os planetas pareciam alinhados, finalmente, para os americanos do sul. Tudo parecia ir nos trilhos para a integração. Em 21 de fevereiro de 1953, em Santiago, meio milhão de chilenos assistiram ao desfile, onde a banda da Força Aérea do Chile foi ouvida interpretando a marcha peronista, para celebrar a assinatura da Lei de Santiago do Chile, instância inicial do Tratado entre Argentina, Brasil e Chile, o ABC.
Infelizmente, no dia seguinte, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, JN da Fontoura, disse: “Foi contra os pactos regionais, e isso foi a destruição da unanimidade pan-americana”. O que havia acontecido?
Por um lado, o governo brasileiro não gostou das alegadas aspirações de um líder regional da Argentina. Por outro, não menos importante, estava a declaração do secretário de Estado dos EUA, Elihu Root, que disse: “Os Estados Unidos não simpatizam com uma convenção do ABC e tentavam evitá-la por todos os meios à sua disposição”.
Desde aqueles dias, muita água passou sob as pontes da integração regional. De fato, em 30 de novembro de 1985, os presidentes da Argentina e do Brasil, Raúl Alfonsín e José Sarney, respectivamente, assinaram a Declaração de Foz de Iguaçu, que daria origem ao Mercosul. O resto é história conhecida por todos. Hoje, o Mercosul, depois de três décadas, parece desgastado e impotente.
Não vamos fechar nosso primeiro artigo com desespero. O oposto. Lembraremos, por exemplo, o excelente trabalho dos militares dos três países nomeados, da Argentina, do Brasil e do Chile, sob mandato da ONU na MINUSTAH, para evocar uma das muitas crises no Haiti, entre 2004 e até 2017. Um dos países mais pobres do mundo. Os resultados foram excelentes e reconhecidos pela comunidade internacional. Graças ao que, na época, chamamos de “estilo sul-americano nas operações de paz”.
Provavelmente, nesses tempos de dúvida e suspeita, é melhor dar um exemplo de quando fizemos as coisas corretamente. Uma vez que este complexo do século XXI não vai perdoar aqueles que não se associam para trabalharem juntos. Os desafios são grandes demais para países isolados. Porque, se você anda só, apenas anda mais rápido, mas pode ir mais longe como uma equipe.