Paróquia de São Sebastião comemora 100 anos de fundação em Palmital

A Paróquia de São Sebastião comemora neste sábado seus 100 anos de fundação. A comunidade católica surgiu logo após a formação da Vila do Palmital e foi responsável por iniciar as atividades religiosas. Ao longo do último século, o catolicismo, representando a grande maioria da população, fez parte da evolução da sociedade e da formação da identidade cultural do Município.

A programação especial de celebrações foi iniciada na quarta-feira com missa do Tríduo do Centenário, com os padres palmitalenses Odair Oliveira, Airton Costa e Orlando Alves, que lembraram os fatos mais importantes e as personalidades religiosas que marcaram a história da paróquia.

Neste sábado, a partir das 19 horas, na igreja Matriz, será celebrada missa em Ação de Graças pelos 100 anos de fundação da Paróquia de São Sebastião, pelo bispo dom Argemiro de Azevedo, pelo pároco Marcelo Barreto, pelo vigário Otávio Peres e padres convidados de outras paróquias da Diocese. A celebração também deve contar com a presença de autoridades e convidados.

Padre Martins fundou a Paróquia de São Sebastião

Padre Martins

A Paróquia de São Sebastião foi fundada oficialmente em Palmital cinco anos depois da emancipação do Município e incentivou a maioria das tradições religiosas cultivadas até hoje. Vinculada à diocese de Assis, a unidade católica também faz os registros dos fatos mais importantes da igreja e do município.

A religião veio junto com os colonizadores, como João Batista de Oliveira Aranha, que teria chegado em 20 de janeiro de 1886, dia de Dia de São Sebastião. Em 1910, após a formação do povoado, o proprietário de terras Francisco Severino da Costa, doou um terreno no centro do vilarejo para a construção de uma capela de madeira em louvor ao Padroeiro.

Em 1920, ano da emancipação de Palmital, a igreja ainda estava sob administração da Paróquia de Campos Novos, que enviava padres para celebração de missas. Dois deles, Nicephoro e Faria, se envolveram na chacina de dezembro 1922, um dos principais crimes políticos da história do Estado, quando o grupo político de Cândido Dias de Melo, o Candinho, assassinou o coronel José Machado e outras seis pessoas da família e amigos.

A igreja Matriz, ainda de madeira, na década de 1920

Após a repercussão negativa do caso, a igreja foi abandonada pelos fiéis e fechada, até a nomeação do padre espanhol José Martins, para atuar exclusivamente na cidade. O religioso chegou em 22 de fevereiro de 1923 e encontrou a área da capela abandonada e a comunidade cristã afastada dos compromissos religiosos. Além de recuperar o patrimônio da Igreja, ele conquistou a confiança da população, que retomou a participação nas atividades religiosas.

Padre Martins fez campanha para aquisição de ornamentos e paramentos para a capela, incluindo a imagem de São Sebastião, adquiriu duas estátuas do Sagrado Coração de Jesus e outras duas de Nossa Senhora Aparecida. Por meio de decreto do bispo Dom Carlos Duarte da Costa, da Diocese de Botucatu, foi instalada a nova paróquia em 12 de abril de 1925, um Domingo de Páscoa, e nomeado o padre Martins como o primeiro pároco.

A pedra fundamental da igreja Matriz em alvenaria foi lançada em 7 de junho de 1927 e a Paróquia de São Sebastião passou a pertencer à Diocese de Assis, em novembro de 1928, quando houve o desmembramento da Diocese de Botucatu, com administração apostólica de dom Carlos Duarte. Sua área de abrangência foi demarcada entre o rio Paranapanema, na Água do Pau D’Alho, até a Água do Brejo, atravessando os territórios da Água dos Aranhas e do rio Pary.

Padre Martins lançou a pedra fundamental da Matriz de São Sebastião

Padre Martins, que se tornou muito querido da população, morreu em 4 de setembro de 1930, aos 45 anos, e foi sepultado em Palmital. Como homenagem póstuma, seu nome denomina uma das principais ruas do centro da cidade e vários de seus familiares ainda residem no município, incluindo a atual vice-prefeita Ana Elias Martins Elias da Silva, sua sobrinha-neta.

Padres marcaram época, administraram obras e fortaleceram a comunidade católica

Além de administrar as atividades religiosas, os padres que passaram por Palmital nos 100 anos da Paróquia de São Sebastião mantiveram interação com a comunidade e deixaram marcas na cidade.

Após a morte do padre Martins, Palmital teve a passagem de Carlos Fuchs e Francisco Pruna, que mantiveram as obras na igreja e receberam apoio da prefeitura para a primeira reforma da praça da Matriz, em 1933. Nesta época, quando a igreja ainda não tinha torre, foram realizadas as primeiras Missões Populares, pelo Padre Vitor Coelho, e a fundação da Congregação Mariana.

Em 1935, com a chegada do padre Antônio Velasco Aragón, houve importantes transformações na paróquia, com a compra do relógio para a igreja Matriz, a instalação do Altar-Mor em mármore (uma das mais belas obras de arte sacra da região) e a aquisição de terreno no bairro Paraná para a construção da Igreja de Santo Antônio. O religioso também fortaleceu os trabalhos pastorais e os grupos católicos, permanecendo na cidade até 1942.

Altar-Mor da Matriz construído na administração do padre Antônio Velasco

Em seguida, o padre Inocente Osés assumiu e permaneceu por 22 anos, fazendo a administração paroquial com austeridade para o crescimento do patrimônio da igreja. Ele concluiu a torre da Matriz e construiu a igreja de Santo Antônio, a Casa Paroquial, a Sede Mariana e o Asilo São Vicente de Paulo.

Padre Inocente Osés, no centro, fundou o Asilo São Vicente de Paulo

Em 1964, Inocente foi substituído pelo padre Júlio Vittori e pelo vigário italiano Mário Rosetti, que atendeu solicitação da comunidade para fazer uma reforma na igreja Matriz, com a ampliação das laterais, em obra que causou o desmanche do altar-mor, cujas peças em mármore se perderam.

Padres Júlio e Mário foram responsáveis por conduzir as reformas previstas no Concilio Vaticano II, incluindo a celebração de missas em português e com o sacerdote de frente para os fiéis – antes, a liturgia era em latim e com os padres voltados para a cruz, período em que a paróquia de São Sebastião ficou entre as maiores da Diocese devido à ampliação das zonas urbana e rural, incluindo as igrejas de São Vicente (Asilo) e de São José e diversas capelas de bairros rurais.

A igreja de São Sebastião na década de 1950

Em 1966, assumiu o padre Dermeval José Mont’Alvão, que permaneceu na cidade por onze anos e ainda é muito lembrado pela população, junto com o vigário Raimundo Canelo. A partir de 1977, a paróquia foi administrada pelo padre João de Barros Reis, que buscou o aprofundamento da fé e melhorou a estrutura para eventos, com a construção do salão de festas e o centro de catequese na praça Santo Antônio. Com apoio do padre Atanásio, incentivou a criação de grupos de crianças, jovens e adultos, inclusive o Encontro de Casais com Cristo (ECC).

Padre Demerval Mont’Alvão

Em 1990, vieram os padres Edson Feitosa e Hélio, que buscaram a recuperação dos valores católicos. Posteriormente, a cidade ficou sem sacerdotes residentes, mas ganhou movimentos como a Renovação Carismática e a Pastoral da Juventude. Padre João retornou em 1992 e permaneceu até 1996, formando uma nova comunidade e entregando a capela de Santo Afonso. Ele foi substituído pelos padres Ângelo Messias da Costa e Edivaldo Pereira dos Santos, que viabilizaram a construção da igreja de São Francisco, na região do CDHU.

Padre Ângelo, Dom Antônio de Souza e o padre João de Barros Reis nos 75 anos da Paróquia
Padre Edivaldo Pereira dos Santos, que escreve colunas semanais para o JC

Em 2002, a paróquia passou a ser comandada pelo padre Otacílio Luziano da Silva, administrador competente e religioso voltado ao desenvolvimento espiritual. Com grande conhecimento em teologia, passou a auxiliar da Diocese de Assis e foi reitor do Seminário de Marília, até ser nomeado pelo papa Bento XVI, em 2009, como bispo. Em outubro de 2018, o Vaticano aceitou o pedido de renúncia de dom Otacílio, que se tornou bispo emérito e fixou residência em Palmital.

Dom Otacílio reside atualmente em Palmital

Em 2008, o padre Oldeir José Galdino assumiu a paróquia e, acompanhado pelo padre Luiz Alves de Araújo, realizou muitos eventos e organizou os grupos católicos de Palmital, além de iniciar a construção da igreja de Nossa Senhora de Fátima e fundar a Pastoral da Comunicação (Pascom). Ele teve ajuda do padre Mauro Pantoja, que ocupou a função de pároco entre 2012 e 2013. Posteriormente, o recém-ordenado padre Leandro Martins passou a atuar em Palmital e assumiu a administração da então recém criada Paróquia Santo Antônio.

Dom Argemiro de Azevedo e o padre Antônio Borecki
Padre Antônio Bastos

A partir de 2013, a paróquia São Sebastião foi comandada pelo padre Antônio Júlio Borecki, auxiliado pelo padre Antônio Bastos, que faleceu em novembro de 2015. Desde janeiro de 2020, a comunidade é administrada pelo padre Marcelo Barreto e pelo vigário Otávio Peres. A cidade também tem um terceiro padre, Luiz Fernando Dias, que administra a Paróquia de Santo Antônio.

Padre Marcelo Barreto, atual pároco da comunidade de São Sebastião

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