Um grupo de passageiros da empresa Azul viveu momentos de desespero e tensão no último dia 24, durante um voo que saiu de Campinas e tinha Marília como destino. A aeronave, no entanto, teve que retornar e descer em Guarulhos, após tentativas frustradas de pouso no Aeroporto Estadual Frank Miloye Milenkovich. A chegada da frente fria e as queimadas que atingiram o Estado de São Paulo no fim de semana passado teriam prejudicado o voo.
O professor de Engenharia de Transportes na Universidade Federal de Goiás (UFG), Rodrigo Pinheiro Pereira, conta que saiu do Rio de Janeiro em um voo tranquilo até Campinas. De lá, o embarque para a aeronave que seguiria até Marília atrasou, mas ainda em tempo hábil para participar do casamento de uma amiga de sua namorada.
O voo AD2918 deveria ter decolado às 13h45 do Aeroporto de Viracopos, mas saiu às 14h06 em função do atraso da aeronave que vinha de Rio Verde, em Goiás. O casal embarcou em um ATR-72 da Azul, mesmo modelo do avião da Voepass que caiu no dia 9 de agosto, em Vinhedo.
O avião, praticamente lotado, sofreu fortes turbulências em função das queimadas do Estado de São Paulo e da chegada de uma frente fria no último fim de semana. A aeronave tentou pousar duas vezes em Marília, mas precisou arremeter, com o agravamento das condições climáticas e com ventos de 85 quilômetros por hora.
Ao Marília Notícia, o professor universitário revela que os passageiros começaram a entrar em pânico. Alguns começaram a rezar, outros vomitaram e muita gente chorou por causa das fortes turbulências.
“Foi o pior voo da minha vida, sem dúvidas. Era meu último fim de semana de férias. O casamento era 19h30. Voltaria para o Rio de Janeiro no domingo de manhã. A turbulência começou logo depois que a Azul fez o serviço de bordo. Juntou a condição climática com as queimadas. Sentimos desespero e fiquei com muito calor. Minha namorada foi rezando o tempo todo. Foi assustador”, relata Pereira.
Avião pousaria em Marília, mas retornou para Campinas e só conseguiu pousar em Guarulhos (Foto: Arquivo Pessoal)
O avião tentou então retornar para Campinas, mas também, após algumas tentativas, não conseguiu pousar, pois as fortes chuvas e o vento atrapalharam a aproximação. Com isso e com a necessidade de reabastecer a aeronave, o avião foi direcionado para o Aeroporto Internacional de Guarulhos, conseguindo pousar às 17h10.
“Os passageiros, nervosos, ainda foram obrigados a esperar o reabastecimento dentro da aeronave, até às 17h52, já que a companhia queria retornar com o avião para Campinas. Contudo, as análises em solo informaram que a aeronave precisava entrar em manutenção e não poderia continuar em voo. Os passageiros, dentre vários que perderam seus compromissos, foram desembarcados e receberam alimentação no local, seguindo de ônibus para o Aeroporto de Campinas. Perdemos o casamento, não tinha como pegar um ônibus a tempo e decidimos então voltar para o Rio de Janeiro”, conta o professor.
Caminho feito pela aeronave que não conseguiu descer em Marília (Imagem: Arquivo Pessoal)
Rodrigo afirma que a aeronave estava em boas condições e não percebeu nenhum problema aparente com o avião. Apenas quando pousou em Guarulhos, o transporte precisou passar por uma manutenção, em virtude de tudo que passou. O professor destaca a necessidade de um estudo para verificar as consequências da ação do homem no Meio Ambiente para a aviação.
“É algo que as instituições precisam investigar, essa junção de condições climáticas e ação do homem sobre o planeta. Várias queimadas no Estado de São Paulo e isso torna uma preocupação em relação às aeronaves. Poderiam verificar o impacto disso nas nossas aeronaves”, reflete.
O Marília Notícia entrou em contato com a Azul, mas não recebeu retorno da companhia aérea sobre o voo. Caso haja resposta, o texto será atualizado.