Lista traz desde o primeiro automóvel do Rei do Futebol até o polêmico Fusca verde musgo dado pelo então prefeito de São Paulo, Paulo Maluf, a todos os jogadores da Seleção após o título da Copa de 1970
Parabéns, Rei do Futebol! Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, completa 80 anos nesta sexta-feira (23). O único tricampeão mundial da história (1958, 1962 e 1970) recebeu muitos prêmios individuais nos seus 21 anos de carreira e, entre eles, diferentes modelos de carros.
Se o Pelé é o maior jogador de todos os tempos, o Volkswagen Fusca é o carro mais icônico da História. E a trajetória de ambos não poderia deixar de se cruzar.
Em 1970, o então prefeito de São Paulo, Paulo Maluf, comprou com dinheiro público 25 Fusca para os tricampeões do mundo que voltavam do México com a taça Jules Rimet.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_cf9d035bf26b4646b105bd958f32089d/internal_photos/bs/2020/7/9/5gjAiHRLq2sc2B0RSiWw/screen-20130726041322.jpg)
Mas antes de chegar ao controverso episódio, que não está resolvido até hoje, vamos começar com o primeiro veículo da vida de Pelé, que foi justamente um Volkswagen Fusca.
O ano era 1956, quando ele era apenas um garoto de 16 anos, e a Fábrica da Anchieta, em São Bernardo do Campo (São Paulo), começava a ser construída.
O Fusca foi entregue ao Rei do Futebol pelo alemão Walter Herbert, que era gerente de um galpão da Volkswagen em Santos. Esse ano também marcou a chegada de Pelé ao Santos Futebol Clube.
O primeiro carro que Pelé recebeu já com o status de estrela mundial foi em 1958, um Romi-Isetta, aquela gracinha com porta frontal estilo geladeira. Ele tinha apenas 17 anos, mas assombrou o mundo na Copa do Mundo da Suécia daquele ano quando se tornou o jogador mais jovem a marcar um gol em mundiais.
Além disso, também foi o mais jovem a ser campeão do mundo, fazendo dois gols na final – um deles uma pintura – na vitória de 5 a 2 sobre os donos da casa.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_cf9d035bf26b4646b105bd958f32089d/internal_photos/bs/2020/w/k/A0XHiTQkKQTyZZgCgBOQ/pele-hlmit-iseta.jpg)
Quando voltou ao Brasil, Pelé foi até a cidade onde iniciou sua carreira, Bauru, no interior de São Paulo.
Ao desembarcar, jornais da época relataram ter mais de 60 mil pessoas esperando o camisa 10 da seleção. Representantes da Romi-Isetta, que tinha fábrica em em Santa Bárbara d’Oeste, pouco mais de 200 km dali, deram um modelo como prêmio a Pelé.
O microcarro, também produzido pela BMW, ficou alguns anos com o atleta. Mesmo não ocupando tanto espaço em sua garagem, ele decidiu vendê-lo. Porém se arrependeu algum tempo depois.
Mesmo indo atrás para recomprar o pequenino, Pelé jamais achou o proprietário e até hoje não há notícias do Romi-Isetta que pertenceu ao Rei.
Outro carro importante na carreira do jogador foi o Aero Willys 2.600, um dos mais marcantes sedãs de luxo do mercado brasileiro na época. O craque foi a primeira pessoa a receber um exemplar.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_cf9d035bf26b4646b105bd958f32089d/internal_photos/bs/2020/u/P/z6fD3hSXGC2exEbWtg8w/2014-03-06-pele-aerowillys.jpg)
Na ocasião, o prêmio foi dado pela conquista pelo Brasil da segunda Copa do Mundo em 1962, no Chile. No jogo de estreia contra a Tchecoslováquia, Pelé fez o primeiro gol da seleção, mas acabou se machucando no segundo tempo e ficou de fora o restante do torneio.
Além de Pelé, o então pugilista Éder Jofre e a Miss Brasil daquele ano, Olívia Rebouças, estavam presentes.
O modelo foi oficialmente lançado dois meses depois no 3° Salão do Automóvel de São Paulo.
A história de Pelé com a Mercedes-Benz começou após seu milésimo gol na carreira. Em 19 de novembro de 1969, no Maracanã (Rio de Janeiro), Edson Arantes do Nascimento, aos 29 anos, marcava seu gol número 1.000 na carreira. O pênalti convertido contra o goleiro argentino Andrada, do Vasco, garantiu a vitória do Santos por 2 a 1.
Após alcançar a marca histórica, o empresário alemão Roland Endler, que foi presidente do clube alemão Bayern de Munique, se rendeu ao Rei do Futebol e lhe presenteou com um Mercedes-Benz 250 W114, um sedã que virou um dos carros mais raros do Brasil na época.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_cf9d035bf26b4646b105bd958f32089d/internal_photos/bs/2020/I/u/pfIzQLS9ePCmKiDq4ZaQ/pele.jpg)
Curiosamente, em 1974, cinco anos após o milésimo gol e às vésperas da Copa da Alemanha, a montadora trocou o 250 W114 por um 280-S novinho. E esse carro traz uma história interessante.
Pelé vendeu o sedã alguns anos depois, mas em 2004, quando o milésimo gol completou 35 anos, a Mercedes quis devolvê-lo a Pelé. A missão foi difícil, já que o carro havia passado por 18 donos desde então. Mas a fabricante achou a pessoa que tinha comprado o modelo pela última vez. Após uma restauração com peças originais devido ao desgaste, a montadora blindou o veículo e o presenteou novamente ao Rei.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_cf9d035bf26b4646b105bd958f32089d/internal_photos/bs/2020/A/O/EyUAq7S1GSWApe6dumjw/1-evdenfzskuzedtwrc0woeq.jpg)
Mas foi no ano de 1970 que a maior polêmica envolvendo carros entrou na vida de Pelé. Ao vencer a Copa do Mundo daquele ano, Paulo Maluf comprou 25 Fusca verde musgo para toda a delegação brasileira e fez uma festa no Parque do Ibirapuera para a entrega dos modelos.
O problema foi que o político tirou o dinheiro dos cofres públicos para a compra dos carros. No dia 3 de julho de 1970, 12 dias depois da final Copa vencida pelo Brasil por 4 a 1 sobre a Itália na Cidade do México, 10 dos 17 vereadores de São Paulo aprovaram uma lei imposta pelo prefeito que determinava a liberação de CR$ 315 mil para a aquisição dos Fusca.
Como resultado, os carros acabaram fazendo parte de um processo judicial que durou nada menos que 36 anos. Na acusação feita pelo advogado Virgílio Egydio Lopes Enei, Maluf foi indiciado por “lesar o erário” ao usar dinheiro público sem oferecer qualquer benefício para a cidade. A expressão configura qualquer ação, intencional ou não, que cause prejuízo aos cofres públicos.
Os jogadores, obviamente, não tiveram conhecimento do imbróglio jurídico naquela época. Alguns do elenco tricampeão, inclusive, receberam o Fusca como o primeiro carro da vida.
Fonte: AutoEsporte