Peruana tem aparelhos desligados 3 meses após Justiça autorizar morte

A peruana Maria Teresa Benito Orihuela morreu na última sexta-feira (03/05) após a retirada da ventilação mecânica que a manteve viva artificialmente por seis anos. O procedimento foi usado em cumprimento de decisão judicial. Aos 65 anos, ela sofria de esclerose lateral amiotrófica (ELA), doença neurológica degenerativa e incurável que havia comprometido quase todos os músculos de seu corpo.

Um médico ligado ao EsSalud, a seguradora pública de saúde do Peru, concordou em fazer o procedimento, aplicando uma sedação e desligando o respirador. No dia primeiro de fevereiro, uma sentença inédita no Peru acatou seu desejo por uma “morte digna”, mas os médicos do hospital Edgardo Rebagliati se recusaram a aceitar o pedido da paciente sob a justificativa de objeção de consciência.

Ela seguia lúcida e se comunicava por meio de um aparelho que lia o movimento de seus olhos. “Hoje quero que você saiba que todos nós temos direito ao acesso (a uma morte digna)… você já sabe que não precisa sofrer nem fazer sua família sofrer (…) estou saindo feliz porque cumpri parte dos meus sonhos e deixarei um legado aos meus dois filhos maravilhosos”, afirmou Maria, antes da decisão ser acatada.

Foi o segundo caso no país sobre o direito à morte digna. Os dois filhos de Maria apoiavam a luta da mãe. “Maria morreu rodeada pelo amor de sua família e partiu dormindo, conforme sua vontade.”, escreveu Josefina Miró Quesada, advogada de Maria, em comunicado.

Ketty Solano, filha de Maria disse: “Minha mãe abriu muitas portas para que as pessoas entendam que temos o direito de decidir sobre a última etapa de nossas vidas. Deixar partir é um grande ato de amor.”

Eutanásia x rejeição a tratamento

No mês passado, Ana Estrada, de 45 anos, se tornou a primeira pessoa do país a receber eutanásia, cerca de dois anos após a Justiça do Peru autorizar o procedimento. No entanto, a situação de Maria Benitó, foi diferente: a eutanásia envolve a administração de uma substância letal diretamente no paciente, enquanto a paciente de 65 anos pedia para deixar de receber um tratamento médico.

— Dado que a decisão de Ana Estrada só lhe é aplicável, Maria considerou que a realização de um processo judicial semelhante demoraria muito e seria muito difícil para o estado em que se encontra. Por isso, considerou outra opção: solicitar a rejeição de tratamentos médicos que a mantenham viva, ou seja, pedir para ser desligada do ventilador mecânico para que a ELA siga seu curso natural até a morte — explicou Quesada ao jornal El Comercio.

Fonte: O Globo

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