PM deixa áudio para colegas antes de morrer de Covid-19: ‘Vida passa num piscar de olhos’

Sargento Webert Primo Mendes, de 45 anos, faleceu após um mês internado. Antes de ser intubado, militar deixou mensagem com esposa, para ser entregue ‘caso acontecesse o pior’.

Um policial militar do Distrito Federal, vítima da Covid-19, deixou um áudio de despedida aos colegas de corporação. O sargento Webert Primo Mendes, de 45 anos, morreu no domingo (25), após passar um mês internado.

“Força e honra. Que Deus guarde a família de todos vocês. É chegado o tempo, senhores. Se arrependam, que a vida passar num piscar de olhos”, diz o sargento na mensagem de áudio.

Ao G1, a esposa do militar, Lilia Carla Carvalho, de 42 anos, conta que o marido gravou a mensagem de áudio antes de ser intubado, na madrugada de 31 de março. “Ele me pediu para mandar a mensagem aos colegas de corporação, caso o pior acontecesse”, relata.

De acordo com Lilia, o sargento foi um “guerreiro” e lutou durante o período de hospitalização. “Ao todo, foi um mês internado, sendo que 25 dias ele passou intubado naquele aparelho.”

No áudio, Webert disse aos colegas que “está indo sem rancor e sem raiva”. Além disso, afirmou que estava “muito bem, sereno e tranquilo”.

“Peço a Deus que o sofrimento seja o mínimo possível”, afirmou na mensagem.

Despedida

O PM foi sepultado nesta segunda-feira (26), no Cemitério Campo da Esperança de Taguatinga. De acordo com Lilia, ele deixou mais dois áudios de despedida: um para mãe e outro para os irmãos. Os arquivos já foram encaminhados aos familiares, segundo a esposa.

“Mesmo com o pedido para que compartilhasse os áudios, tinha fé de que ele voltaria. Guardei os áudios até o último momento, enquanto o coração dele permaneceu batendo”, afirma Lilia.

A esposa conta que sempre falava para Webert “ser forte e lutar”, mas sabia que ele estava “sofrendo muito”.

“Ele morreu no domingo, às 17h44. Parece que estava apenas esperando a gente chegar no hospital. Fui para lá com a filha dele mais velha. No quarto, liguei para minha sogra, que falou que ele poderia partir, se quisesse, e que Deus estava o esperando. Não passou cinco segundos e o monitor acusou o óbito. Os médicos vieram e nos tiraram da sala”, detalha.

Lilia conta que o marido deixa três filhos: Maria Luíza, de 19 anos; Evelym, de 16; e Enzo, de 7. “Está sendo um momento muito difícil, mas sei que ele lutou até o último momento”, desabafou.

Pandemia na PM

Apenas este mês, a Polícia Militar do Distrito Federal registrou 11 mortes de membros da corporação por Covid-19. Desde o início da pandemia, 34 servidores perderam a vida para a doença.

Os profissionais das forças de segurança da capital já começaram a se imunizar contra a Covid-19. A aplicação das vacinas começou este mês e, nesta segunda (26), a Secretaria de Saúde abriu mais 929 vagas para agendamento.

O nome dos profissionais do DF que recebem as doses são escolhidos pela Secretaria de Segurança Pública (SSP). Além disso, policiais militares que atuam na linha de frente, como na escolta da vacina, também são autorizados a receber a “xepa” do imunizante, que são as doses remanescentes do fim do dia nos postos, que seriam descartadas.

Levantamento da Saúde aponta que, até esta segunda, a Covid-19 tinha feito 7.628 vítimas na capital e infectado 374.588 pessoas. Ao todo, eram 357.368 recuperados, o que representa 95,4% dos diagnosticados.

Fonte: G1