PM preso por ligação com milícia é acusado de fazer escolta para paramilitares e de comprar camisas da polícia para a quadrilha

Djarde de Oliveira da Conceição é um dos agentes de segurança denunciados pela Operação Naufrágio, do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público

O policial militar Djarde de Oliveira da Conceição, de 47 anos, foi preso por envolvimento com a milícia da Praça Seca, na Zona Oeste do Rio. Ele é acusado de passar informações da PM, fornecer armas, fazer escolta para milicianos e até comprar camisas da polícia para a quadrilha. Djarde é cabo da PM e um dos agentes de segurança denunciados pela Operação Naufrágio, do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público.

As informações foram obtidas a partir de mensagens de texto e áudio extraídas da nuvem do celular do líder do grupo, Wagner Evaristo, com o irmão, Anderson Santos da Silva, que participa de encontros com outros milicianos, faz a intermediação da aquisição de camisas da corporação por Djarde, e de armas de fogo e munições.

Segundo o documento do Gaeco, no dia 31 de dezembro de 2021, Wagner Evaristo pergunta a Anderson se ele teria falado com Djarde, informa que é para sair às 19h, “deixar os garotos lá” e voltar. Anderson encaminha um áudio para o irmão, no qual possivelmente Djarde pergunta o local para falar com um colega que estaria de serviço com ele no dia seguinte. Wagner confirma que o local é na Baixada Fluminense e diz que “o cara” não falou onde é, pois, o “cara” é “mundial” – o que o MP explicou como “possivelmente algum miliciano bastante conhecido”.

Na troca de mensagens, o líder do grupo relata ainda que dois “carteiras” (possivelmente policiais) amigos do “cara” iriam buscá-lo com outras pessoas, no meio do caminho, para conduzi-los até o local de encontro. Wagner diz que os garotos ficariam na Baixada, fala que Telmo também vai – pessoa de confiança de Wagner, responsável pela cobrança de taxas e por repassar o valor arrecadado ao miliciano –, e que “Negão”, o Djarde, vai com eles e pode levar um amigo – segundo a polícia, possivelmente um policial.

Segundo o Gaeco, tudo indica que Wagner Evaristo queria que Djarde fizesse sua escolta em uma reunião de milicianos que aconteceria na Baixada Fluminense, e que, pela forma com que ele se refere ao miliciano da Baixada, com o termo “mundial”, poderia se tratar de algum miliciano de expressão.

Outra atividade de Djarde no seio do grupo criminoso tem relação com a compra de uniformes da Polícia Militar. Em 12 de janeiro 2022, Anderson repassa a Wagner Evaristo uma mensagem de Djarde questionando a quantidade e os tamanhos das camisas a serem adquiridas. Na sequência, o cabo da PM diz ainda que irá com dois amigos na loja, porque não dá para pegar tudo de uma vez só: “Eles se ligam”, disse Djarde, segundo o Gaeco, sobre os vendedores suspeitarem, e dando a entender que havia mais policiais no esquema criminoso.

Operação Naufrágio

A Operação Naufrágio foi deflagrada na última quinta-feira, pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio do Grupo de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), e com o apoio da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI/MPRJ). A investigação apura a relação existente entre os agentes de segurança e a milícia que atua na comunidade Bateau Mouche, na Praça Seca, Zona Oeste do Rio.

Também entre os denunciados pelo MP há um homem que se fez passar por policial civil, permanecendo em delegacias, usando arma, uniforme e distintivo, além de participar de operações em viatura oficial. O denunciado, afirma o Gaeco, tem contatos com diversas unidades policiais e, inclusive, nos quadros da Corregedoria da corporação.

Até agora foram cumpridos 12 mandados de prisão e oito de busca e apreensão contra integrantes do grupo criminoso. Dezesseis pessoas foram denunciadas à Justiça por associação criminosa, extorsão contra comerciantes, empreendedores, vendedores ambulantes e mototaxistas, além de corrupção ativa.

Fonte: Extra

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