Polícia investiga grupo que invadiu aula online, ofendeu mulheres e fez apologia ao nazismo

A Polícia Civil de Sorocaba (SP) tenta identificar quem são os responsáveis por invadir uma aula online de curso de direito em Sorocaba e fazer apologia ao nazismo, na noite de quarta-feira (19/08).

Segundo apurado pelo G1, uma aluna registrou o boletim de ocorrência e o caso é investigado pelo 3º Distrito Policial, responsável pela região. A faculdade também abriu uma apuração interna para identificar como essas pessoas tiveram acesso ao sistema.

Durante a aula do segundo semestre de direito da Esamc, enquanto a professora lecionava, várias pessoas entraram na plataforma de streaming e começaram a proferir ofensas contra mulheres, advogados e negros, além de postar um vídeo de apologia ao nazismo e imagens pornográficas.

O boletim de ocorrência foi registrado como difamação por três estudantes que teriam sido ofendidas durante a invasão, incluindo a representante da turma, Julia Costa Bueno.

“Me ligaram desesperados falando do acontecido. Quando eu entrei [na aula], comecei a acompanhar tudo o que estava acontecendo. Foi agonizante. Desesperador ver a feição da professora de tristeza e desespero, meus colegas de sala sendo ofendidos e aquelas imagens de apologia ao nazismo”, afirma.

Ela conta que diversas estudantes enviaram mensagens para ela, pois ficaram preocupadas com a situação.

“Me senti completamente invadida, pois além de estarmos passando por um momento de pandemia, uma coisa dessas só mexe mais ainda com o psicológico de cada um. As meninas me mandaram mensagem no privado, desesperadas e uma aluna já não estava bem de saúde e estava internada quando tudo aconteceu. Agora, Já é complicado estudar em casa sozinha, e quando entramos ainda acontece uma coisa dessas?”, lamenta.

O diretor acadêmico da faculdade Esamc, Maurício Marra, informou ao G1 que a instituição também registrou um boletim de ocorrência. Afirmou também que medidas legais cabíveis estão sendo tomadas e que a plataforma utilizada é segura.

“A faculdade acionou as autoridades policiais, bem como continua buscando os responsáveis em sindicância interna. Por fim, novamente repudiamos toda e qualquer manifestação de intolerância e ofensas, nos solidarizando com os envolvidos”, informou em nota.

ENTENDA O CASO

Ao G1, a estudante Nicole Caroline Fogaça Martins afirmou que faltava meia hora para a aula ser encerrada, quando diversas pessoas começaram a entrar na plataforma.

“São 54 alunos e já tinha uns 70. Dentro dessa plataforma o quadro que a professora vai mostrando tem como a gente escrever e, então, começaram a escrever xingamentos. Então, eles colocaram um vídeo em apologia ao nazismo, escrevendo cada vez mais coisas no quadro. Houve injúria racial e chamaram as meninas de vadia e vagabunda. Começaram a compartilhar áudio”, afirma.

Segundo a aluna, a professora entrou em contato com a assistência da faculdade e pediu para todos saírem da aula.

O diretor acadêmico afirmou que descarta a possibilidade de ter sido um ataque hacker e que, provavelmente, algum dos alunos compartilhou o link da aula com alguém de fora da faculdade.

Ele também afirmou que não houve prejuízos com relação ao conteúdo que estava sendo lecionado no momento da invasão.

Em nota, a instituição afirmou que adota todos os recursos possíveis para garantir a privacidade das informações de corpo discente e funcional, de acordo com a lei de proteção de dados.

A instituição ainda ressalta que se solidariza com os alunos e a professora atingida, e reafirma o repúdio a qualquer ato que promova preconceito e ódio.

A atlética da faculdade também se pronunciou e publicou nas redes sociais uma nota de repúdio com relação ao caso lamentando o ocorrido.

“Prestamos aqui nossa singela condolência à professora afetada e dizer que sentimos muito por todo o incômodo que lhe foi causado. Triste – para não proferir outra palavra – pensar que em pleno século XXI existem pessoas com ideologias rasas e que agem com intenção de ferir o próximo”, diz a nota.

Fonte: G1

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