Abro com uma piadinha sobre corrupção.
Negócio fechado
Um político havia prometido construir uma ponte e para isso convocou três empreiteiros: um japonês, um americano e um brasileiro.
– Faço por R$ 3 milhões – disse o japonês – Um pela mão de obra, um pelo material e um para meu lucro.
– Faço por R$ 6 milhões – propôs o americano – Dois pela mão de obra, dois pelo material e dois pra mim.
– Faço por R$ 9 milhões – disse o brasileiro.
– Nove milhões? – Espantou-se o político – Por quê esse valor tão alto? E o brasileiro responde:
– Três para mim, três para você e três para o japonês fazer a obra.
– Negócio fechado! – responde o político.
O futuro do PT
Estará nas mãos de Lula. Trata-se do partido com maior adesão social, também o partido mais rechaçado pela comunidade política. Encarna apoios e contrariedades: ame-o ou deixe-o. Se o governo Lula III der certo e se brilhar o céu de brigadeiro em 2026, o PT estará cantando Hosana nas Alturas, ganhando volume e ostentando a condição de maior partido brasileiro. Mas se o governo for mal avaliado, cairá na escala de prestígio, porém sempre conservando boa margem na moldura partidária.
O futuro do PSDB
Seu futuro dependerá da movimentação partidária. Perdeu quadros e forças, mas conta com o amplo espaço de centro-esquerda, que se encontra hoje vazio. O partido tucano, caso decida apresentar programas e políticas para o centro da pirâmide social, onde estão as classes médias, com um olho virado para a esquerda e outro para a direita, seria uma boa opção. Seu amanhã vai depender também do desempenho do jovem governador Eduardo Leite, do RS; caso se saia bem, posiciona-se como candidato da sigla à presidência em 2026.
O futuro do MDB
Na coluna do meio, o partido tem condições de ser a opção para quem deseja se posicionar no centro; atrairá protagonistas de outros partidos que conhecem sua índole. Precisa de um fluxo de oxigênio para abrigar valores da atualidade, significando defesa clara de temas sensíveis e prioritários. O processo de renovação do partido tem sido lento. Carece de impulso e um banho de rejuvenescimento.
O futuro do PSD
Sob o comando de Gilberto Kassab, um dos melhores articuladores políticos do país, o partido tende a ser um imã, puxando figuras de outros partidos. O PSD costuma dar a seus integrantes o que eles pedem, garantindo, assim, sua identidade de ente que cumpre compromissos. Sairá forte do pleito de 2024, com uma grande bancada de prefeitos e vereadores. E aposta no governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, como figura central no processo eleitoral de 2026.
O futuro do PP
Sob as rédeas de Arthur Lira, continuará a dar as cartas no tabuleiro. Passada a fase de mando do “rei” que preside a Câmara dos Deputados, tende a se esvaziar. Sem densidade ideológica. É o ícone da prática franciscana do “é dando que se recebe”.
O futuro do União Brasil
Deve perder muitos quadros por falta de identidade doutrinária. Tem sido o ponto de encontro daqueles que tiram férias, enquanto aguardam a consolidação da moldura partidária. Luciano Bivar não tem carisma e sua liderança é frágil. Hoje, com grande bancada, a sigla, amanhã, se verá esvaziada. A conferir.
O futuro do PL
Valdemar da Costa Neto, presidente do PL, mesmo sem identidade marcante, joga o partido no espectro ideológico, sob a esperança de que venha a ser o ente de direita e extrema direita. Nessa condição, será o contraponto ao PT e adjacências. Usará Jair Bolsonaro e Michele, a mulher do ex-presidente, como iscas para pescar votos e, desde já, acena para os horizontes de 2026. Continuará com grande bancada, mas a pressão poderá consumir a gordura partidária desse ente que já foi dirigido pelo falecido ex-deputado e diplomata, Álvaro Vale, que sabia usar bem a TV em campanhas eleitorais poéticas, sob o fundo musical do canto dos escravos hebreus, da ópera Nabuco.
O futuro do PSOL
Era um partido com a marca de extrema esquerda. Amainou a imagem. Assume identidade de esquerda com a cara mais esquerdista que o PT, porém, distanciando-se da imagem de destruição e virada de mesa. Boulos levantava a bandeira. Mas o próprio aliviou sua imagem para tentar ser palatável a eleitores do centrão ideológico. É candidato a prefeito de São Paulo, possivelmente com o apoio do PT. O mundo gira e a Lusitana roda…
O futuro do PSB
Já foi um partido com forte discurso socializante. Nos últimos tempos, arrefeceu sua chama ideológica. Passou a acomodar interesses de protagonistas fortes, entre os quais o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, que pode ser uma âncora para atrair uma parcela dos migrantes partidários. Ao seu lado, está o prefeito de Recife, João Campos. Alckmin também se insere na arena partidária de 2026, a depender do governo Lula III e da própria disposição do presidente em se candidatar ou não.
Raspando o tacho
– A reforma tributária ganha adeptos a cada dia. Com emendas de todos os tipos. E sob a esperança do paladino Luiz Carlos Hauly, que voltou à Câmara dos Deputados.
– Chiste sobre Lula: avisa que no próximo mês visitará o Brasil.
– A Comissão Mista do 8 de janeiro não ganhou o impacto que muitos esperavam.
– Bolsonaro, inelegível, vai lutar para subir ao altar dos mártires.
– O STF está com cara de delegacia de polícia.
– Minhas homenagens ao professor de Direito Tributário da PUC-SP, advogado Robson Maia, pela contribuição que tem dado à cultura e às artes da terra potiguar.
– A prefeitura de São Paulo deve monitorar melhor a correria tresloucada dos entregadores de aplicativos nas ruas de São Paulo.
– Bolsonaro vai correr o país. Sucesso desse tour vai depender da economia do estado d’alma da população.
– Arthur Lira está na mira (sem troça) da PF.
– O deputado Celso Sabino, futuro ministro do Turismo, é uma carta sem muito valor na mesa dos grandes jogadores.
– Depois de intensa pressão, Banco Central indica que, a partir de agosto, teremos baixa na taxa de juros, hoje em 13,75%.
– O Judiciário assumiu por completo sua intromissão na seara do Legislativo.
– São Paulo dará um salto para as alturas com a aprovação do novo plano diretor. Os espigões se multiplicarão.
– Ministra da Saúde, Nísia Trindade, não será removida do ministério, apesar do rolo compressor de partidos que querem seu cargo.
– Haverá pedido de vista do processo contra Bolsonaro por parte de algum ministro do TSE? Eis uma incógnita.
– Ucrânia ganhou mais força depois do affaire com o Grupo Wagner, cujo comandante Pregozyn ameaçou avançar sobre Moscou. Recebeu US$ 2 bilhões de dólares da Rússia. E hoje diz que seu desafeto é o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, e não Putin.
Boa quarta a todos!
Fecho com mais uma historinha de corrupção.
Em um comício de uma pequena cidade, dizia o prefeito: Queridos cidadãos e cidadãs, durante todo o meu mandato, coloquei a minha honestidade acima de qualquer interesse político. Vocês podem ter certeza que neste bolso – e batia no bolso da calça com uma das mãos – nunca entrou dinheiro do povo. Neste instante alguém gritou:
– Tá de calça nova, hein?
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Gaudêncio Torquato jornalista, consultor de marketing institucional e político, consultor de comunicação organizacional, doutor, livre-docente e professor titular da Universidade de São Paulo e diretor-presidente da GT Marketing e Comunicação.
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A coluna Porandubas Políticas, integrante do site Migalhas (www.migalhas.com.br), é assinada pelo respeitado jornalista Gaudêncio Torquato, e atualizada semanalmente com as mais exclusivas informações do cenário político nacional.