Para Diego Singolani (PSD), eleito com quase 65% dos votos em Santa Cruz do Rio Pardo, os eleitores não querem mais saber da vida pessoal dos candidatos, mas sim da sua eficiência. Mãe será a ‘primeira-dama’.
As eleições municipais deste ano consagraram em Santa Cruz do Rio Pardo (SP) não apenas a continuidade do atual governo, com a eleição de um candidato apoiado pelo atual prefeito Otacílio Parras (PSB), mas também uma novidade inusitada para uma cidade considerada, pelo próprio vencedor, como conservadora: a eleição de um prefeito assumidamente gay.
Ao vencer as eleições com votação expressiva, de mais de 65% da preferência dos eleitores, Diego Singolani (PSD), 32 anos, que disputou o pleito como Diego da Saúde, viu em sua vitória um sinal, ainda que incipiente, de uma mudança de mentalidade.
“As pessoas estão mudando de mentalidade quando o assunto é escolher quem vai comandar sua prefeitura. Elas não se interessam mais tanto pela vida pessoal do candidato, a população quer eficiência. E tenho certeza que fui eleito pelo meu trabalho e não pelo que faço de minha vida enquanto indivíduo”, diz o futuro prefeito.
Diego Singolani trabalha há 16 anos na saúde da cidade, primeiro como gestor na área privada, mas nos últimos seis anos como secretário municipal de Saúde, no governo de Otacílio Parras. Após a vitória do último dia 15, ele reassumiu o cargo na pasta e fica como secretário até mudar de cadeira e virar prefeito.
“Fui eleito pelo meu trabalho, e mesmo a oposição tentando desviar esse foco falando sempre na questão da ‘família tradicional’, a população não se deixou influenciar. Essa vitória foi um grande exemplo de inclusão, pois não é raça, cor de pele, credo ou orientação sexual que te vai fazer diferente”, diz Diego.
Até por isso, e por admitir não ser um ativista ativo da causa gay, Diego Singolani diz que jamais usou sua orientação sexual para obter benefícios na disputa eleitoral.
“Não usei [minha orientação] na campanha porque isso nunca foi necessário. Não sou ativista da causa, mas sou assumidamente gay, nunca omiti nada, até porque numa cidade de 46 mil habitantes, todos conhecem todos. O importante é que todos me respeitam pelo meu trabalho”, diz.
O prefeito eleito admite que a oposição conservadora tentou usar sua orientação sexual, mas sempre com ataques de forma indireta, com uso de chacota, e em momentos de campanha no corpo a corpo, nunca de forma documentada ou nas redes sociais.
“Quando isso acontecia, as próprias pessoas que presenciavam me ligavam para denunciar a prática. A saúde é uma área muito sensível e por isso as pessoas gostam de mim, tive uma aprovação natural pelo meu trabalho”, avalia.
Diego segue morando com a família e disse que, atualmente, está solteiro. Por isso, uma das “novidades” da nova administração santacruzense será a indicação de sua mãe como presidente do Fundo Assistencial de Solidariedade, cargo normalmente ocupado pelas primeiras-damas. “Minha será a minha primeira-dama”, brinca Diego.
FONTE: G1