A mulher que se transformou em uma das reféns na madrugada do último sábado (02/05), durante o ataque na agência do Banco do Brasil em Ourinhos (SP) , admitiu à TV TEM que viveu momentos de pânico ao ver o próprio filho no teto de um carro sendo usado pelos criminosos como “escudo humano”. A vítima, que prefere não se identificar, explicou que no dia do assalto estava em casa com um amigo, o filho de 21 anos e a noiva do filho. Quando o filho foi embora na madrugada, ele o seguiu de carro porque ele esqueceu o cartão de crédito.
“Quando cheguei ao centro da cidade, já vi o carro dele [filho] parado no meio de rua e os dois rendidos pelos assaltantes, que logo em seguida fizeram eu e meu amigo de reféns também. Foram momentos de terror”, conta a mulher.
A refém relembra que os criminosos ainda tentaram acalmá-la, dizendo que o objetivo não era ferir ninguém, apenas pegar o dinheiro. Mesmo assim, ela o amigo se feriram durante o fogo cruzado entre criminosos e a PM. Os dois foram atingidos por estilhaços de balas nas pernas.
A parte mais tensa da ação, segundo ela, foi logo depois que o filho foi “convocado” pelo bando para ajudar a levar o dinheiro para os carros da quadrilha. Na fuga, os criminosos colocaram o rapaz no teto de um dos carros como “escudo humano”, sem amarração, obrigando ele a segurar no bagageiro. “Não sei dizer quanto tempo durou tudo isso, mas foram minutos intermináveis. E de muito pânico, porque ficamos no meio do fogo cruzado do tiroteio entre criminosos e a PM”, disse a mulher.
AÇÃO ORGANIZADA
A polícia acredita que pelo menos 40 homens fortemente armados participaram da ação. Eles chegaram na cidade em 11 veículos, trocaram tiros com a Polícia Militar, fizeram seis pessoas reféns e explodiram parte da agência para ter acesso ao cofre. A quantia levada pela quadrilha não foi divulgada. Câmeras da central de monitoramento da cidade registraram a ação da quadrilha. As imagens estão ajudando na investigação da polícia.
Nenhum suspeito foi identificado ou preso, mas, a polícia acredita que a quadrilha tenha utilizado algum imóvel como base para planejar as ações e que o local deve estar em um raio de até 100 km do local do crime. Na terça-feira (05/05), o caso foi encaminhado para o Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) de Bauru. A DIG de Ourinhos e a delegacia de SP darão apoio nas investigações.
11 TIROS
Nas imagens de câmeras de monitoramento da cidade é possível ver o momento que o carro de um morador de Ourinhos é alvejado. O motorista alega que que foram pelo menos 11 disparos que atingiram seu veículo. As marcas dos tiros estão em toda a lateral do carro e os momentos de pânico na memória do morador. Ele conta que estava com a namorada e o filho dela em uma pista de skate que fica na região quando começaram a ouvir os tiros e decidiram sair do local.
Um dos criminosos invadiu uma loja e começa a atirar de dentro do estabelecimento, os tiros atingem a rua ao lado de onde o veículo passa. Outro criminoso aparece escondido atrás de um poste. Ele também atira no veículo. “Eu pensei só em uma coisa: tirar a gente dali logo e sair daquela zona de guerra. Eu só fugi, sai do centro e só depois fui ver o que tinha acontecido. Fui ver a proporção dos tiros, o que tinha ocorrido”, lembra.
O motorista conta que só depois percebeu que o um dos tiros tinha atingido o pneu. “Eu vi que tinha furado o pneu quando parei aí perguntei para minha namorada e filho se eles estavam bem. Graças a Deus foi só dano material, ninguém se feriu.”
Fonte: G1