República dos toscos

“…foi aberta a porta para a ascensão dos toscos ao poder…”

 

As lideranças políticas oriundas das elites econômicas e sociais quase nunca representaram os melhores exemplos de princípios éticos, morais e de probidade, mas sim a predominância dos extratos mais bem aquinhoados e com mais oportunidades de acesso à educação e a cultura que perdurou desde a instalação da República. Desde então, os marechais e generais do Exército, os grandes latifundiários, os coronéis, muitos herdeiros de famílias de políticos e alguns esquerdistas bem letrados e abastados, como João Goulart e Fernando Henrique Cardoso, como exemplos mais recentes, foram os preferidos dos eleitores.

Enquanto os comunistas-socialistas pregavam o domínio do poder pelo chamado proletariado representante das classes trabalhadoras, os líderes elitistas faziam discurso para os pobres e governavam para os ricos, até a chegada de Luiz Ignácio Lula da Silva ao poder, em sua quarta tentativa e com visual repaginado e discurso calibrado aos interesses das classes dominantes. Para muitos, seria a redenção do país com uma liderança popular que iria romper os paradigmas da desigualdade e finalmente combater a praga da corrupção e dos desmandos, mas lamentavelmente ele foi cooptado e aderiu ao sistema perverso que se eterniza no poder.

Surfando nas melhores ondas da economia mundial e nacional, o líder de excelente comunicação criou o mecanismo do Mensalão como meio de controle do parlamento e, para sucede-lo, ajudou a eleger uma mulher despreparada e sem condições de governar suas próprias palavras. Assim foi aberta a porta para a ascensão dos toscos ao poder, pois o eleitorado desesperado com crise costuma apostar naqueles que mais prometem transformações e com as linguagens mais acessíveis e agressivas, como já aconteceu com Fernando Collor de Mello.

A cereja do bolo é Jair Bolsonaro, uma resposta radical do povo contra o sistema perverso aperfeiçoado por Lula e Dilma, criando assim a República dos Toscos de retórica imbecilizada. Junto a ele foram eleitos outros malucos, como o governador do Rio de Janeiro, que comemora como um gol a morte de um sequestrador, e outros que pregam apenas a truculência como solução para a criminalidade. Atrás dessas lideranças inabilidades, sem conteúdo e de linguagem rude, devem surgir novas figuras truculentas e despreparadas para disputar as prefeituras de grandes e pequenas cidades. Como vacina, os eleitores devem observar o comportamento e a vida pregressa de qualquer doido travestido de bom moço, para não se arrepender depois.

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Cláudio Pissolito

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