Romances, ‘saidinhas’ e faculdade: relembre como foram os anos de Suzane von Richthofen na cadeia

Condenada por matar os pais, ela deixou a prisão em Tremembé, no interior de São Paulo, nesta quarta-feira (11) após a Justiça conceder progressão para o regime aberto.


Autora de um dos crimes mais famosos do país, Suzane von Richthofen foi solta no fim da tarde desta quarta-feira (11) depois de a Justiça conceder progressão para o regime aberto. Presa desde 2002 por matar os pais, ela cumpria pena há 20 anos em um presídio em Tremembé (SP).

Condenada a mais de 30 anos de prisão pelo assassinato de seus pais, Suzane precisou se acostumar com o fato de ter a rotina muito acompanhada por conta da repercussão do caso.

Ao longo dos 20 anos na Penitenciária Feminina Santa Maria Eufrásia Pelletier, várias situações envolvendo a presa chamaram a atenção. Entre elas, um romance na prisão, as ‘saidinhas’ temporárias e a vida acadêmica.

Suzane Richthofen deixa presídio em Tremembé para 'saidinha' temporária de Natal e Ano Novo — Foto: TV Vanguarda/Reprodução
Suzane Richthofen deixa presídio em Tremembé para ‘saidinha’ temporária de Natal e Ano Novo — Foto: TV Vanguarda/Reprodução

Confira abaixo como era a rotina de Suzane von Richthofen na prisão:

Rotina

Durante os dias na prisão, Suzane desenvolvia trabalhos de corte e costura e produzia artesanato em uma oficina da Fundação Prof. Dr. Manoel Pedro Pimentel (Funap). A atividade era diária, com jornada de seis a oito horas.

Ela fazia artesanato e produzia os uniformes dos presos e agentes penitenciários. Além de receber um salário, os dias trabalhados na oficina eram usados para “abater” a pena. Dessa forma, Richthofen conseguiu reduzir 1,8 mil dias da pena total que tem a cumprir. Com isso, a pena já havia sido reduzida de 39 anos e seis meses para 34 anos e 4 meses.

De segunda a sexta-feira, no período da noite, ela deixava a prisão para ir até a faculdade em Taubaté, onde cursa biomedicina. Ela tinha permissão da Justiça para ficar fora do presídio das 18h às 23h, para poder estudar, e não precisava mais usar tornozeleira eletrônica.

Após as aulas, Suzane seguia até um alojamento coletivo que abriga 82 detentas para dormir. No local, ela era acompanhada por agentes penitenciários.

Suzane von Richthofen participa de evento acadêmico em universidade de Taubaté. — Foto: Arquivo pessoal
Suzane von Richthofen participa de evento acadêmico em universidade de Taubaté. — Foto: Arquivo pessoal

Convivendo com a sociedade

Com a reinserção social possibilitada pelo regime semiaberto, Suzane passou a ser vista com mais frequência na região, em convívio com a sociedade.

Além das “saidinhas temporárias” a que tem direito, no fim de 2021 ela foi flagrada embarcando em um ônibus do transporte público, na saída da faculdade, para retornar até o presídio.

Suzane é flagrada em ônibus voltando da faculdade para presídio em Taubaté — Foto: Reprodução/O que podemos fazer por Taubaté
Suzane é flagrada em ônibus voltando da faculdade para presídio em Taubaté — Foto: Reprodução/O que podemos fazer por Taubaté

Em outubro do ano passado, Richthofen também foi vista apresentando um artigo científico em um evento acadêmico fora da faculdade em que ela estuda, na cidade de Taubaté.

No evento, que reuniu estudantes e professores da região, ela montou um banner e apresentou um projeto de pesquisa desenvolvido sobre o tema maternidade.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SAP), todos os custos com a faculdade, passagem de ônibus e outros gastos que Suzane tinha, como roupas e alimentação fora da cadeia, ficaram por conta da detenta.

O trabalho na Funap, além de reduzir a pena, é uma fonte de renda para que ela pudesse arcar com esses custos.

Suzane von Richtofen deixa penitenciária para saída temporária de Natal em Tremembé — Foto: Tiago Bezerra/ TV Vanguarda
Suzane von Richtofen deixa penitenciária para saída temporária de Natal em Tremembé — Foto: Tiago Bezerra/ TV Vanguarda

Vontade de estudar

Quando foi presa, aos 18 anos, Suzane era estudante de Direito em São Paulo. Depois que conquistou o regime semiaberto, ela demonstrou vontade voltar a estudar. Conseguir ingressar na faculdade, no entanto, foi um desafio para ela. Foram várias tentativas frustradas até conseguir ingressar no curso de biomedicina em 2021.

Em 2016, a presa recebeu autorização para cursar uma graduação. Com medo do assédio fora da prisão, ela pediu à Justiça para fazer o curso online, mas por falta de recursos tecnológicos e aparato no presídio, teve o pedido negado.

Já em 2017, ela foi aprovada para o curso de administração em uma instituição católica em Taubaté, e foi contemplada com o financiamento do Fies, mas não concluiu a matrícula.

Em 2020, ela conseguiu uma vaga pelo Sisu no curso de Gestão de Turismo, no Instituto Federal de Campos do Jordão (SP). Suzane se matriculou, mas não chegou a cursar as aulas por não ter sido autorizada pela Justiça para deixar o presídio.

Mesmo após ingressar na faculdade, Suzane enfrentou outras dificuldades para seguir no curso. Na cadeia, ela não tinha acesso a computadores. No entanto, para estudar, passou a ter contato com ferramentas digitais que não existem atrás das grades.

Como essa falta de conhecimento tecnológico estava afetando os estudos, em fevereiro de 2022 ela foi autorizada pela Justiça a deixar a penitenciária para frequentar um curso de informática básica durante as férias da faculdade em Taubaté, como parte do processo de reabilitação da presa.

Pastor Euclides Vieira com Suzane e o ex-noivo Rogério Olberg em Angatuba (a esquerda). — Foto: Arquivo pessoal/Euclides Vieira
Pastor Euclides Vieira com Suzane e o ex-noivo Rogério Olberg em Angatuba (a esquerda). — Foto: Arquivo pessoal/Euclides Vieira

Relacionamentos amorosos

Na prisão, Suzane foi tida como alguém que “desperta paixões” e, em 2014, namorou com a detenta Sandra Regina Gomes, conhecida como Sandrão, que cumpre pena de 24 anos por sequestro.

Após romper com Sandra, em 2017, ela conheceu Rogério Olberg, que visitava a irmã presa na mesma penitenciária que ela. Suzane chegou a noivar e ia para a casa dele em Angatuba (SP) durante as “saidinhas” do regime semiaberto.

Ela chegou a ir a uma igreja evangélica e dizer que gostaria de ser missionária, segundo um pastor. O noivado terminou em 2020, e não houve mais nenhuma manifestação pública desse desejo dela.

Condenação e futuro

Condenada inicialmente a 39 anos e seis meses de prisão, Richthofen conseguiu na Justiça diminuir seu tempo na cadeia ao longo dos anos. Atualmente, a pena revisada de Suzane é de 34 anos e 4 meses, com término previsto em 25 de fevereiro de 2038.

Desde 2017, Suzane tentava a progressão ao regime aberto, para cumprir a pena fora do presídio. Agora, poderá cumprir a pena em liberdade condicional.

Fonte: G1

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