Além dos seres humanos, cavalos e capivaras, animais domésticos também correm risco de contrair a doença. Ao g1, especialista em parasitologia veterinária explica detalhes sobre os sintomas, tratamento e prevenção.
Apesar de ser conhecida como uma doença que ocorre principalmente em capivaras e cavalos, a febre maculosa também pode acometer animais domésticos como cães e gatos.
Conforme o Ministério da Saúde (MinSaúde), a febre maculosa é uma doença infecciosa causada por uma bactéria do gênero “Rickettsia”, que é transmitida através da picada de carrapatos que foram infectados por ela.
De acordo com a especialista em parasitologia e patologia clínica Susana Eduardo Vieira, de Sorocaba (SP), os tutores precisam sempre estar atentos, pois os sintomas da febre maculosa podem facilmente ser confundidos com outras doenças, como a gripe canina (veja abaixo os sintomas).
Aos 25 anos, Susana é formada em Medicina Veterinária e especialista em parasitologia e patologia clínica — Foto: Arquivo Pessoal
Segundo a veterinária, apenas 10% dos cães são suscetíveis à febre maculosa, e diferentemente dos cavalos, que não adoecem, e das capivaras, que são hospedeiros e transmissores, podem morrer se não forem tratados.
“10% podem apresentar sintomas e adoecer. Inclusive, podem morrer se não forem tratados. Os cavalos não adoecem, e as capivaras são hospedeiros amplificadores. Elas não morrem, mas amplificam a bactéria por um período de 10 a 14 dias, depois se tornam imunes”, explica a veterinária Susana.
De acordo com Susana, basta um carrapato contaminado para transmitir a doença para cães e gatos. Apesar disso, os bichinhos de estimação não transmitem a febra maculosa, “embora possam desempenhar um papel importante na disseminação dos carrapatos. Por isso a importância de mantê-los bem cuidados”, pontua.
Susana realiza seus atendimentos profissionais através de uma clínica veterinária em Sorocaba (SP) — Foto: Arquivo Pessoal
Quais são os sintomas?
De acordo com a especialista, os principais sintomas da febre maculosa nos animais são:
- Febre;
- Letargia;
- Hiperemia (com manchas vermelhas na pele);
- Edema de extremidades, como lábios, nariz e orelhas.
Ela ainda menciona que 40% dos cães afetados podem apresentar sintomas neurológicos, e que os sinais clínicos geralmente aparecem entre dois e quatro dias após a infecção, embora possam se manifestar em até 14 dias.
Febre maculosa é transmitida, principalmente, pelo carrapato-estrela — Foto: Prefeitura de Jundiaí/Divulgação
Mas e o tratamento?
Ao desconfiar que seu pet tenha contraído a doença, é necessário levá-lo imediatamente a um centro veterinário e, durante a avaliação, conversar com o médico sobre uma possível infestação de carrapatos no animal. “Qualquer demora aumenta o risco de óbito, por isso a urgência do diagnóstico e tratamento”.
O tratamento é realizado com antibioticoterapia específica e terapia de suporte. A profissional ainda orienta o que pode ser feito para a prevenção da doença:
- Evitar contato com as áreas de risco;
- Orientações sobre a busca pelos serviços de saúde na presença de sintomas;
- Diagnóstico precoce;
- Uso de coleiras antiparasitárias nos cães e gatos;
- Controle de ectoparasitas e sempre realizar check-ups anuais nos animais de estimação.
A doença infecciosa é transmitida através do carrapato-estrela infectado e para a qual não há vacina — Foto: G1
Além do tratamento prescrito, a especialista também recomenda que os donos mantenham os animais sempre hidratados. “A água colabora para o bom funcionamento do organismo. Nesse caso, é possível oferecer pequenas quantidades de água de coco, já que ela tem muitos nutrientes e minerais que colaboram com a recuperação”, acrescenta.
Além de hidratação, a alimentação do animal também deve ser balanceada. “A ração fornece um alimento de alta qualidade e cheio de nutrientes para o cachorro, que irá contribuir com o processo de recuperação. Caso não seja possível a administração da ração seca, pode-se usar abóbora, brócolis, batata, entre outros que podem ser oferecidos ao cão no lugar”.
“Febre maculosa é uma coisa que todo mundo precisa saber, e muitas pessoas saem com definições erradas sobre a doença. Em Ipaussu, uma cidade que fica no interior de São Paulo, por exemplo, houve um surto, e muitas pessoas culparam as capivaras que lá habitavam. Queriam o sacrifício delas”, relata.
Fonte: G1