Cláudio Ribeiro Passos, de 50 anos, foi encaminhado à Cadeia de Lutécia (SP). Defesa adiantou que pedirá à Justiça a liberdade provisória do suspeito.
A Polícia Militar prendeu na manhã desta quinta-feira (9) mais um líder da Frente Nacional de Luta Campo e Cidade (FNL) suspeito de extorquir dinheiro de donos de propriedades rurais na região do Pontal do Paranapanema.
Cláudio Ribeiro Passos, de 50 anos, foi preso em Assis (SP) e encaminhado à Cadeia de Lutécia (SP), cidades que ficam na região de Marília (SP). Ele estava foragido durante o desencadeamento da operação, iniciada na última sexta-feira (3), que investiga o suposto envolvimento de líderes do movimento social de trabalhadores rurais sem-terra na extorsão de pelo menos seis fazendeiros vítimas.
Outros dois líderes da FNL, José Rainha Júnior e Luciano de Lima, já haviam sido presos no sábado (4) sob a mesma suspeita. Durante audiência de custódia realizada no domingo (5), em Presidente Venceslau (SP), a Justiça manteve a prisão de ambos.
Nos três casos, a Polícia Civil deu cumprimento a prisões preventivas determinadas pela Justiça.
Eles são suspeitos de exigir dinheiro de donos de propriedades rurais por meio de um grupo que teria se associado entre 2021 e 2022, “com a finalidade de cometer crimes de associação criminosa e extorsão”.
A defesa de Cláudio Ribeiro Passos, representada pelos advogados Raul Marcelo e Rodrigo Chizolini, informou a impressa que pedirá à Justiça a liberdade provisória do investigado.
“O processo penal está no início, ele provará a inocência ao longo da instrução criminal. Iremos pedir a liberdade provisória dele em audiência de custódia”, disse Chizolini.
Ainda segundo a defesa, Passos “sempre esteve à disposição das investigações e seguirá colaborando com o Judiciário”.
Os advogados concluíram que o requerimento será feito “para que ele possa responder ao processo em liberdade, posto que não há um único motivo significativo para a decretação da prisão preventiva”.
A FNL classificou as prisões dos líderes sem-terra como “um claro ato de perseguição política”. Além disso, o movimento social adiantou que manterá uma “grande campanha” em defesa dos líderes presos.
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Relembre o caso
De acordo com a Polícia Civil, José Rainha Júnior foi detido em um lote onde reside, no Assentamento Che Guevara, em Mirante do Paranapanema (SP), enquanto a prisão de Luciano de Lima ocorreu na Rodovia José Corrêa de Araújo, na divisa entre os estados de São Paulo e do Paraná, entre os municípios de Sandovalina (SP) e Jardim Olinda (PR).
Já em outro inquérito policial foram realizadas na sexta-feira (3) buscas domiciliares que resultaram nas apreensões de dois fuzis de calibre 556, duas espingardas de calibre 12 e uma de calibre 357 que estavam em posse legalizada de um fazendeiro que é alvo de investigações sobre disparos contra sem-terra durante uma ocupação de propriedade rural no mês passado. De acordo com a Polícia Civil, as investigações continuam para identificar os atiradores.
“As prisões preventivas têm como objetivo a interrupção do ciclo delitivo e promoção de prevenção geral e paz no campo. É importante ressaltar que em nada se confundem com os atos decorrentes do Carnaval de 2023, quando um grupo invadiu nove propriedades rurais. As operações visam a apuração do ciclo de violência decorrentes de extorsões e dos disparos de arma de fogo, incluindo fuzil, o que colocou em risco número indeterminado de pessoas”, informou a Polícia Civil em nota oficial na noite deste sábado (4).
“José Rainha Júnior e Luciano de Lima, líderes da FNL, foram presos pela nossa Polícia Civil. Parabenizo os policiais envolvidos nessa missão, que contam também com o apoio da Polícia Militar para garantir a segurança em nosso Estado”, postou em uma rede social o secretário da Segurança Pública do Estado de São Paulo, Guilherme Derrite.
No mês passado, a FNL havia dado início a uma série de ocupações de fazendas na região de Presidente Prudente (SP). A mobilização recebeu o nome de “Carnaval Vermelho”.
O grupo de trabalhadores rurais sem-terra reivindica a destinação de fazendas situadas em áreas consideradas devolutas ao Estado para a implantação de assentamentos da reforma agrária.
No total, o movimento social mobilizou 2,5 mil pessoas nas ocupações de nove fazendas nas cidades de Marabá Paulista (SP), Mirante do Paranapanema, Presidente Epitácio (SP), Presidente Venceslau, Rosana (SP), Sandovalina e Teodoro Sampaio (SP).
Com relação ao terceiro inquérito policial instaurado para apurar as ocupações pelos assentados da reforma agrária na região, a Polícia Civil informou que “o ciclo de violência nasce com as extorsões, invasões de terras e com os disparos de arma de fogo, incluindo fuzil por parte de proprietários, o que coloca em risco número indeterminado de pessoas e alija o Estado do processo de controle formal”.
“As investigações policiais visam apurar autoria e materialidade, mas também restabelecer a normalidade com consequente rompimento de uma espiral de crimes que podem decorrer desses três fatores: extorsões; invasões e disparos de arma de fogo. Todos os fatos estão sendo investigados em autos autônomos a fim de apurar e identificar autores e de produzir provas sobre a materialidade”, informou a Polícia Civil neste domingo (5).
Fonte: G1