Projeto é desenvolvido pela Fatec Jahu, em conjunto com a Diretoria de Ensino da região e a escola norte-americana Stem Early High School, da Carolina do Norte. Resultados da pesquisa serão enviados para as Agências Espaciais Norte-Americana (NASA) e Canadense (CSA)
Alunos de cinco escolas estaduais de Jaú, no interior de SP, estão participando de um projeto inédito na América do Sul, que estuda o crescimento de tomates a partir de sementes que vieram do espaço.
O “Tomatosphere” é apoiado pelas Agências Espaciais Norte-Americana (NASA) e Canadense (CSA) e desenvolvido pela Universidade de Guelph, no Canadá.
No programa, originalmente colocado em prática apenas na América do Norte, alunos do ensino fundamental e médio recebem dois pacotes de sementes de tomates: um com sementes comuns e outro com grãos que ficaram durante quatro semanas na Estação Espacial Internacional (EEI).
Os estudantes plantam os dois grupos e comparam as taxas de germinação e crescimento. Os resultados são enviados ao grupo de cientistas que lideram o projeto que conduz os resultados para análise dos efeitos da radiação e da falta de gravidade do espaço sobre as sementes.
Da América do Norte para o interior de SP
No interior de SP, o “Tomatosphere” nasceu de um contato da Fatec Jahu com o brasileiro Milton Lima, professor na Stem Early High School, da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, onde as sementes também estão sendo testadas. Além de professor do ensino médio americano, Milton Lima é membro da Limitless Space Institute (SLI), uma instituição não governamental que incentiva pesquisas ligadas ao espaço.
No Brasil, as atividades são coordenadas pelos professores Célio Favoni e Aparecida Maria Zem Lopes, que são pesquisadores em regime integral do Centro Paula Souza, responsável pelo gerenciamento da Fatec Jahu.
O professor Célio explicou que o piloto do projeto fora dos países da América do Norte tem um objetivo além dos resultados científicos. O principal ganho é com os alunos, que têm contato com o mundo científico e das metodologias ativas de ensino, já muito populares fora do Brasil.
“O mais legal disso é despertar a curiosidade nos alunos das escolas públicas. Os professores relataram que quando foi apresentado o projeto para os alunos, eles acharam que era ‘fake news’, porque parece algo muito fora da realidade a gente receber esse tipo de material. Nós tivemos que fazer uma live com os alunos envolvidos no projeto e com o professor Milton para validar e mostrar toda as histórias dessas sementes. Para eles se sentirem privilegiados”, destaca o professor.
A aplicação do projeto em Jaú contou ainda com o apoio da Diretoria de Ensino do município que promoveu as capacitações com os alunos e professores para a execução das atividades.
Adriana Alonso, professora responsável pelo currículo de Ciências e Biologia da Diretoria de Ensino da Região de Jaú, explica que o projeto não tem custo algum ao município e que o engajamento dos alunos superou as expectativas.
“Esses temas são totalmente diferentes do que eles estão acostumados a aprender então despertam interesse no aluno pela escola. Inclusive os leva a pensar em novos projetos de vida, isso nós achamos muito interessante.”
Mais de 150 alunos das escolas Ana Franco da Rocha Brando, Clio Mar de Barros Castilho Marques, Doutor Domingos de Magalhães, Major Prado e Professor José Nicolau Piragini estão cooperando com os experimentos.
‘Tomatosfera’
O nome do projeto foi adaptado e no Brasil, de “Tomatosphere”, virou “Tomatosfera”. O professor Milton Lima explica que sempre quis exportar algumas de suas atividades, que utilizam a metodologia ativa de aprendizado, para o Brasil, seu país natal.
As metodologias ativas de ensino levam os estudantes a aprenderem de forma autônoma e participativa, por meio de resolução de problemas e situações reais, estimulando o debate sobre resultados de experimentações.
“Eu sou de Campinas no interior de SP e fruto da escola pública. E desde que eu vim para os Estados Unidos eu sempre tive essa ideia de dívida com a população que me formou. E eu sempre quis fazer algo educacional pelo Brasil”, contou o professor.
Um encontro ocasional se mostrou a melhor oportunidade para o professor colocar seu objetivo em prática.
“Eu tive a oportunidade de conhecer um professor aposentado da Fatec de Jaú, em uma coincidência muito grande andando em um shopping aqui nos Estados Unidos. Nós conversamos e eu falei dessa minha ideia de levar projetos para o Brasil, então ele me colocou em contato com a Fatec de Jaú, que sempre procurava engajar projetos, e assim conheci o Célio e mais tarde a Adriana, da diretoria de ensino.”
As sementes foram então trazidas para o Brasil e o “Tomatosfera” colocado em prática neste primeiro semestre de 2024.
Os resultados obtidos pelas análises dos alunos jauenses serão encaminhados de volta para o professor Milton Lima, que alimentará a base de dados do projeto.
“É um piloto. Então nós temos essas sementes enviadas pelo professor Milton para colaborar com o projeto que ele também desenvolve na High School onde ele trabalha. Nós ainda não temos tomates, mas caso consigamos mais sementes para o próximo semestre, daremos continuidade”, destaca Célio.
Fonte: G1