Trabalho inútil

As muitas apreensões de drogas em grandes quantidades nas rodovias e as fracionadas com os pequenos traficantes mobilizam enorme aparato policial, grande quantidade de viaturas, armas e equipamentos, seguidas dos trabalhos de Polícia Judiciária e depois do próprio Judiciário, com bastante esforço conjunto para caracterizar os crimes e punir exemplarmente os criminosos. As operações são repercutidas pelos veículos de comunicação e aplaudidas por grande parcela da população que reconhece o trabalho considerado como de defesa dos jovens que eventualmente podem ser cooptados pelo vício.

Não obstante à boa intenção em coibir a produção, o tráfico e a comercialização de drogas, é bom lembrar que essa indústria perigosa, mas muito rentável, só funciona porque existem os consumidores que buscam os produtos ilícitos em qualquer condição e, assim, satisfazem o vício e alimentam a rede criminosa que se forma para atender a demanda crescente. Comprovando o aumento de usuários de todos os tipos de entorpecentes, naturais ou químicos, basta verificar a proliferação das chamadas “cracolândias” e daqueles que fazem uso de forma discreta, além dos que roubam e até matam para manter o vício.

“…não é o traficante que alimenta o tráfico, mas sim o usuário…”

Considerando que não é o traficante que alimenta o tráfico, mas sim o usuário, pois enquanto houver consumidor haverá fornecedor, e que as apreensões e prisões causam prejuízos aos criminosos e inflacionam o produto final, incentivando a entrada de outros interessados em busca de mais lucro, é necessário que as formas de combate às drogas sejam revistas. Afinal, os entorpecentes ilícitos ou lícitos, como a maconha, a cocaína, o cigarro e as bebidas alcoólicas, sempre estiveram presentes em todos os tempos e em todos os povos, comprovando que, mesmo combatidos, são sempre acessíveis e muito usados.

Diante de séculos de convivência com todos os tipos de alucinógenos, incluindo aqueles legalizados, muitos usados como medicamentos, os chamados tarja pretas, que também viciam e causam dependência, chega-se à conclusão que é impossível evitar o consumo. Assim sendo, todo o dispêndio de recursos humanos e materiais alocados contra o tráfico de drogas poderiam ser direcionados à educação e à cultura dos povos para que todos possam conhecer os malefícios ou possíveis benefícios e até mesmo discernir sobre usar ou não e na quantidade ideal, pois o enorme trabalho de combate é absolutamente inútil.

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Cláudio Pissolito

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