A Polícia Federal deflagrou na manhã desta terça-feira (15/07) a Operação Chrysós com foco em combater uma complexa organização criminosa transnacional envolvida em crimes como redução à condição análoga à escravidão, descaminho, crimes contra as relações de consumo, falsificação de marcas, fabricação de substâncias nocivas à saúde, além de tráfico de pessoas e promoção de migração ilegal para trabalho forçado. Um homem de 40 anos foi preso em Ourinhos.

O destaque da operação recai sobre a cidade de Ourinhos (SP), onde funcionava uma fábrica clandestina de cigarros, localizada, na Avenida Feodor Gurtovenco, 455, no Distrito Industrial II de Ourinhos. Segundo a Polícia Federal, o local abrigava 14 paraguaios mantidos em condições degradantes e confinadas, trabalhando em jornadas exaustivas e sem comunicação com o mundo externo. (chegou a informação que o barracão estava na zona rural, mas foi corrigida, pois está no Distrito Industrial II).
A estrutura, que operava de forma itinerante, estava prestes a ser desmontada e transferida para outro município, possivelmente Marília (SP), quando foi interceptada pela força-tarefa. As trabalhadoras seriam levadas ainda hoje para Marília, onde receberão acompanhamento das autoridades trabalhistas.

A investigação, conduzida pela Polícia Federal de Guaíra (PR) — ponto de entrada dos estrangeiros no país — revelou que os integrantes da organização criminosa recrutavam as vítimas no Paraguai e as traziam ao Brasil por via terrestre, principalmente pela fronteira com o Paraná, utilizando a cidade de Guaíra como rota de entrada.
A partir dali, eram levadas até Ourinhos, onde ficavam totalmente isoladas e obrigadas a produzir cigarros de forma contínua, em um ambiente insalubre e improvisado. Estima-se que a capacidade produtiva da fábrica clandestina ultrapassava os 60 mil maços de cigarro por dia, configurando um esquema milionário de contrabando.

Segundo as autoridades, essa pode ter sido a primeira fábrica clandestina de cigarros descoberta no interior de São Paulo, sendo possivelmente a maior já registrada na região do Centro-Oeste Paulista. Ao todo, foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão e dois mandados de prisão preventiva nos estados de São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul, além do bloqueio de bens da organização criminosa, que somam R$ 20 milhões.
A operação contou com a participação de agentes da Polícia Federal, do Ministério do Trabalho e do Ministério Público do Trabalho. O local exato da fábrica ainda não foi divulgado, mas a Polícia Federal já confirmou que as máquinas estavam prontas para serem transportadas e remontadas em novo destino, o que reforça o modo de atuação itinerante do grupo criminoso.
Com essa ação, Ourinhos, que já era apontada como ponto estratégico de tráfico no interior paulista, passa a figurar também na rota do contrabando internacional de cigarros. A investigação prossegue com desdobramentos previstos para os próximos dias.
Fonte: Passando a Régua