Zé Barbeiro, que manteve salão por quase sete décadas em Palmital, morre aos 89 anos

José Sebrian Gomes, o Zé Barbeiro, morreu nesta terça-feira (22/10) aos 89 anos. Sua trajetória pessoal e profissional se confunde com a história de Palmital, pois nasceu apenas 10 anos depois de emancipação do município. Durante as quase sete décadas em que manteve em funcionamento o Salão Gomes, no centro da cidade, sempre adotou a postura de profissional dedicado e competente, com a qual conquistou a confiança e a amizade de gerações de palmitalenses.

 

Segundo filho e primeiro homem de 11 irmãos, José nasceu no sítio da família na Água da Aldeia, em 1930. Desde criança trabalhou na roça arando terra, capinando e colhendo café. Aos 17 anos ganhou do pai um conjunto de ferramentas de barbeiro que passou a utilizar para cortar o cabelo dos irmãos e tios, quando começou, na prática, a profissão que ainda mantém com muita disposição.

 

Depois, passou a atender clientes do bairro, na época muito populoso, na venda do Zé Marcolino, que antes pertenceu a Zequinha Garcia. Aos 20 anos, mudou-se para a cidade e comprou o salão, já montado, de Francisco Gonçalves Gil, o Chico Barbeiro, que funcionava em prédio no cruzamento da rua Vereador Clóvis de Camargo Bueno com a Sete de Setembro, em frente à Sede Mariana, onde começou a história do Salão Gomes.

No começo da carreira fazia os cortes mais simples, como bodinho, meia-cabeleira e americano. Com o tempo foi se especializando e passou a atender aos pedidos dos clientes. Três anos depois se mudou para um prédio próximo na rua Vereador Clóvis de Camargo Bueno, atrás da igreja Matriz de São Sebastião, onde trabalhou mais 39 anos.

 

José se casou com Sebastiana Morato em 1953 e teve três filhos: José Cláudio, Luiz Antônio e Rosana. O barbeiro buscou especialização com um curso técnico no Sesc, em São Paulo, onde aprendeu cortes mais modernos. Com o fruto do trabalho diário árduo, das 7 às 21 horas, incluindo sábados e domingos, adquiriu um terreno e construiu um conjunto de lojas na rua Rui Barbosa, esquina com a Francisco Severino da Costa, para onde mudou seu salão e compartilhou o espaço com seus filhos comerciantes.

 

O barbeiro contou ao JC, em reportagem de 2015, que não sabia o número de quantos cabelos ou barbas fez na longa carreira, mas se lembra de alguns clientes que manteve por mais de 60 anos, como o construtor José Maciel que, mesmo depois de se mudar para Osasco, continuou frequentando seu salão. De várias famílias, como os Dungas (Amâncio Ferreira) atendeu de bisavôs a bisnetos, além de ter tido fregueses os padres Inocente Osés e Dermeval Mont’Alvão.

 

Zé Barbeiro também atendeu vários prefeitos, como Ciro Leite, Henrique Pyles, João Gonçales, Manoel Leão Rego, Eloy Garcia, Braz Biondi e Nardão. Ele ainda cuidou da aparência de juízes e promotores, incluindo Francisco Negrisolo, que foi o primeiro magistrado titular do Fórum da Comarca na década de 1950.

 

Antes de fechar a barbearia, José usava sua quarta cadeira para acomodar os clientes, que era bem mais moderna que os primeiros modelos. Ele também contou que os instrumentos do salão mudaram bastante ao longo das décadas. Como exemplo, citou que abandonou a navalha e as máquinas manuais para usar lâminas descartáveis e aparadores elétricos.

 

Durante a entrevista ao JC, Zé Barbeiro também mostrou relíquias que guardava no salão: cortadores muito antigos, dois ingleses e um modelo espanhol, com cerca de 100 anos, que pertenceu a José Martins, além do primeiro amolador de navalhas.

Zé Barbeiro não teve sucessor para o Salão Gomes e trabalhou até agosto de 2017, suspendendo as atividades aos 87 anos para o tratamento de uma séria infecção no tornozelo. “Ele fez todo o tratamento e, nesses últimos meses estava muito bem. Hoje entre 5 e 6 da manhã veio a falecer. A cuidadora o chamou pela manhã e viu que já estava sem vida. Morreu dormindo”, contou o neto Matheus Cruz Sebrian.

 

Zé Barbeiro foi velado na Funerária Santa Terezinha e sepultado no Cemitério Municipal de Palmital no final da tarde desta terça-feira.

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1 Comentário

Anônimo 24 de outubro de 2019 - 05:46

Aqui deixo o meuAqui agradecimento ao Jornal da Comarca de Palmital-JC pela linda homenagem sobre a história de vida do Senhor meu pai José Sebrian Gomes e tbem a todos amigos e parentes que puderam estar presente neste momento triste em nossas vidas nos dando forças e consolando os nossos corações. Obrigada!

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