Mortandade de peixes é recorrente na região de despejo industrial da Tereos
Proprietários rurais e moradores da região entre o rio Pary Veado e a Água dos Aranhas procuraram o JORNAL DA COMARCA nesta segunda-feira (07/10) para denunciar o mau cheiro de efluentes despejados no rio Pary-Veado pela Tereos Amidos e Adoçantes do Brasil, por meio de um emissário de cerca de 10 quilômetros entre a indústria, às margens da rodovia Raposo Tavares, e a divisa entre Palmital e Cândido Mota. Os agricultores também enviaram registros em fotos e vídeos que mostram peixes mortos, supostamente pela contaminação da água.
As imagens captadas pelos agricultores, justamente no trecho abaixo do emissário, mostram grande quantidade de peixes cascudos e lambaris mortos às margens do rio. O material também mostra o despejo de liquido de cor esverdeada do emissário que, segundo eles, tem forte mau cheiro e forma espuma quando cai no rio Pary-Veado. O sistema de despejo, que tem autorização de órgãos ambientais, faz o descarte da água residual do processamento de milho para produção de amidos e outros derivados.
A Cetesb de Assis também foi notificada e enviou uma equipe para o local, acima da usina hidrelétrica do Pary-Veado, para fazer a coleta de amostras e verificar a qualidade da água, incluindo da oxigenação. O gerente da agência ambiental João Adriano Alves disse ao JC que, preliminarmente, houve a constatação da mortandade de peixes e que a equipe deverá analisar os dados e materiais para chegar a uma conclusão sobre as causas até o final da semana e, caso necessário, tomar as medidas administrativas cabíveis.
HISTÓRICO – A situação é recorrente no Pary-Veado com muitas ocorrências denunciadas pela população. Em abril do ano passado, moradores de Palmital gravaram o despejo de líquido de cor escura com formação de espuma no rio. Na ocasião, a empresa afirmou que mantém controle rígido sobre seu sistema de tratamento da água resultante do processamento industrial e que cumpre os protocolos para que os efluentes só sejam devolvidos ao meio ambiente depois de tratados.
Em fevereiro do ano passado, a Cetesb de Assis recebeu denúncia e constatou padrão visual fora da conformidade no descarte do efluente industrial. Diante da confirmação da irregularidade, a agência adotou a medida imediata de autuar a empresa por meio de advertência com solicitação de informações sobre o caso. À época, a Tereos alegou que o descarte teria sido motivado por serviço de manutenção em equipamentos industriais.
O JC online enviou solicitação de informações sobre o caso para a Tereos. Confira abaido:
“A Tereos Amido e Adoçantes Brasil mantém rígido controle em seu sistema de tratamento de efluentes provenientes do processamento de milho em sua unidade. Assim que soubemos do ocorrido, estivemos no Rio Pary-Veado para realização de todas as investigações necessárias e seguimos trabalhando à disposição da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) e da Polícia Ambiental.
Salientamos que todo o processo de devolução de efluentes ao ambiente segue protocolos normativos regulatórios e ambientais. Os efluentes são devolvidos ao meio ambiente somente após passarem por nosso sistema de tratamento, respeitando os limites das licenças e outorgas concedidas pelos órgãos ambientais competentes.“